HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) é uma doença rara e grave, caracterizada por microangiopatia trombótica, agregação plaquetária intravascular e anemia hemolítica, com risco elevado de mortalidade. O tratamento de escolha é a plasmaférese terapêutica, que exige transfusão diária de grandes volumes de plasma fresco congelado (PFC). Esse cenário impõe grandes desafios logísticos às agências transfusionais, que precisam responder de forma imediata e coordenada para garantir a continuidade do tratamento.
Descrição do casoEste trabalho descreve a experiência da agência transfusional de um hospital privado de Maceió/AL no suporte hemoterápico a um paciente com diagnóstico de PTT, internado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) entre 05 de abril e 03 de maio de 2024. Durante esse período, foram realizadas 19 sessões de plasmaférese, totalizando 398 unidades de PFC administradas — média de 20,9 unidades por sessão. Essa demanda contínua e elevada exigiu um gerenciamento intensivo de todos os processos relacionados à hemoterapia. Entre as estratégias adotadas, destacam-se: * A reavaliação diária do estoque de PFC, com controle rigoroso de validade e quantidades disponíveis; * Armazenamento adequado em freezers específicos entre -18°C e -25°C, conforme a RDC n° 34/2014, com manutenções preventivas regulares; * Protocolos internos para descongelamento ágil via banho-maria, com tempo médio de resposta inferior a 30 minutos; * Comunicação diária com a equipe multiprofissional da UTI, permitindo planejamento e previsibilidade das solicitações; * Contato contínuo com o hemocentro fornecedor para reposição emergencial e escalonada; * Ações de captação ativa de doadores, com foco em doadores regulares e familiares do paciente, para repor o estoque de plasma. A experiência evidenciou a importância da integração entre os setores envolvidos no atendimento transfusional, sobretudo em situações de alta complexidade como a PTT. A previsibilidade no consumo, a organização de estoque em tempo real, o preparo técnico das equipes e os protocolos bem definidos foram determinantes para garantir a segurança e a continuidade do tratamento.
ConclusãoConclui-se que o manejo transfusional de pacientes com PTT exige muito mais que a simples disponibilização de hemocomponentes. Trata-se de um processo que demanda planejamento estratégico, infraestrutura adequada e comunicação efetiva entre todos os setores envolvidos, desde a captação de doadores até a liberação final do plasma para uso clínico. A vivência relatada reforça a necessidade de preparo institucional para atender com eficiência doenças raras, porém críticas, como a PTT, onde cada minuto pode representar a diferença entre a vida e a morte.




