HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA gestão de resíduos em serviços de saúde é um desafio complexo que demanda a adoção de práticas sustentáveis. A literatura médica recente enfatiza a importância da produção limpa e da sustentabilidade ambiental e financeira no setor, destacando que a incineração de resíduos, o uso de plásticos descartáveis e o transporte são os principais contribuidores para a pegada de carbono dos hemocentros. A interrupção no fornecimento de plasma para a indústria, ocorrida entre 2016 e 2022, representou uma falha na aplicação dos princípios da economia circular, gerando impactos negativos tanto ambientais quanto financeiros. Este trabalho tem como objetivo principal evidenciar os benefícios da economia circular, demonstrando como a retomada da destinação de plasma para a indústria, a partir de 2022, gerou impactos financeiros e ambientais positivos, fortalecendo a sustentabilidade dos hemocentros e contribuindo para a estratégia de autossuficiência nacional da Hemobrás. A Avaliação do Ciclo de Vida (LCA) é utilizada como ferramenta analítica para comparar cenários e validar a eficiência dessa estratégia.
Descrição do casoO estudo aplica a Avaliação do Ciclo de Vida (LCA) para comparar dois cenários distintos na gestão do plasma excedente de um hemocentro. O primeiro cenário (2016-2022) analisa o período de interrupção da destinação do plasma para a indústria, quando o material era descartado predominantemente por incineração. O segundo cenário (pós-2022) foca na retomada do fornecimento de plasma à indústria, com a implementação da economia circular. Para a análise, foram considerados os custos do tratamento do plasma como resíduo infectante, que incluem gastos com coleta, transporte, processamento e incineração. O estudo também quantifica os valores economizados com a retomada do fornecimento, calculando os custos evitados de incineração e tratamento. No cenário de retomada, a análise se baseou no envio de 157.368 bolsas de plasma, totalizando 37.293 litros, o que permitiu uma economia de R$ 251.061,38 em custos de descarte e tratamento de resíduos. A análise dos dados demonstra um impacto positivo significativo com a retomada do envio de plasma à indústria. O período de interrupção (Cenário 1) resultou em um aumento de 113% no volume de plasma descartado, gerando custos operacionais elevados e impactos ambientais diretos. Com a retomada (Cenário 2), o envio de 2.530 bolsas de plasma reverteu esse cenário, diminuindo consideravelmente o volume de resíduos infectantes e evitando sua incineração. A destinação do plasma como matéria-prima para a indústria contribuiu para a redução da pegada de carbono, pois evitou a emissão de gases de efeito estufa associada à incineração. Além de mitigar os danos ambientais, essa prática demonstrou um impacto financeiro positivo direto, com uma economia de R$ 251.061,38 em custos operacionais com incineração e tratamento de resíduos.
ConclusãoA retomada da destinação de plasma para a indústria, conforme a análise LCA, é uma estratégia de sucesso para a economia circular e produção limpa em hemocentros. Essa abordagem mitiga impactos ambientais negativos, ao reduzir o descarte e a incineração, e fortalece a sustentabilidade financeira, por meio da diminuição de custos operacionais. A ação local de otimização de recursos tem um impacto estratégico em nível nacional, contribuindo para a Hemobrás e para a autossuficiência do Brasil na produção de hemoderivados essenciais para o SUS.




