HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA infusão de linfócitos doador (DLI) é uma estratégia terapêutica no manejo de neoplasias hematológicas recidivadas após o transplante alogênico de células-tronco hematopoéticas. Com a crescente adoção de transplantes haploidênticos, há renovado interesse na utilização de DLI para tratamento e prevenção de recaídas no período pós-transplante.
ObjetivosPadronizar um método simples, eficiente e reprodutível para obtenção de alíquotas de linfócitos a partir de sangue total, utilizando centrifugação em gradiente de densidade e extração manual das camadas celulares.
Material e métodosForam utilizadas 20 unidades de sangue total, coletadas em bolsas com anticoagulante CPDA-1, refrigeradas (4–8°C) e processadas em até 24h após a coleta. As amostras foram submetidas a cinco protocolos distintos de centrifugação para identificar aquele com melhor recuperação de linfócitos CD3⁺. Avaliaram-se viabilidade celular e dosagem de CD3⁺ por citometria de fluxo antes e após o processamento. A separação das camadas celulares (plasma rico em plaquetas, camada leucocitária e hemácias) foi realizada com extrator manual. Uma segunda centrifugação da fração leucocitária foi aplicada para reduzir o volume de plasma residual e concentrar a população celular.
ResultadosEntre as cinco variações de centrifugação testadas na primeira etapa, sendo essa a mais importante, maiores forças centrífugas proporcionaram melhor separação das camadas celulares e maior recuperação de linfócitos CD3⁺, sem resíduos significativos de linfócitos no concentrado de hemácias. As centrifugações foram realizadas por 5 minutos com freio nível 3. Foram testadas 11 amostras, com velocidades entre 2400 e 3000 rpm. Destas, 55% apresentaram recuperação de CD3⁺ > 75%, 36% entre 50-75% e 9% abaixo de 50%. Nas amostras aprovadas (≥ 75% de recuperação), obteve-se média de 6,36 × 10⁸ células CD3⁺/mL no produto final.
Discussão e conclusãoO procedimento permite a infusão de pequenas alíquotas de DLI a fresco ou criopreservadas, representando alternativa eficaz à coleta por aférese, que pode exigir internação, cateter central e longa duração. Já a coleta de sangue total requer apenas flebotomia simples, podendo ser realizada com segurança mesmo em ambientes com infraestrutura limitada. Essa abordagem é vantajosa em doadores pediátricos, pois o protocolo é gradual, demanda pequenos volumes e reduz riscos e desconfortos. A infusão de DLI é relevante em transplantes pediátricos, auxiliando na prevenção da rejeição do enxerto em doenças hematológicas benignas e no controle da recidiva leucêmica em pacientes de alto risco. Concluímos que, o método avaliado é promissor como alternativa menos invasiva para o doador e eficaz para a produção de alíquotas celulares. É simples, econômico, de fácil execução, e pode atender, de forma segura, à necessidade de infusão de pequenas quantidades de linfócitos, adaptando-se ao contexto clínico individual.




