HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosNo Brasil, os Centros de Hemoterapia adotam tecnologias avançadas para reduzir riscos associados à transfusão sanguínea, especialmente quanto à transmissão de agentes infecciosos como HTLV, Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e Vírus das Hepatites B e C. A detecção eficiente desses patógenos depende do conhecimento sobre seus componentes e da aplicação combinada de testes de triagem e confirmatórios. Na Fundação Hemopa, esse processo é fundamental para garantir a segurança transfusional e contribuir com dados epidemiológicos relevantes.
ObjetivosDescrever os resultados laboratoriais de testes sorológicos e moleculares (PCR em tempo real) em amostras confirmadas com HTLV-1 e HTLV-2, com ênfase na identificação de coinfecções.
Material e métodosEstudo retrospectivo baseado na análise de dados laboratoriais de 155 amostras confirmadas com HTLV-1 e 44 com HTLV-2, processadas entre 2015 e 2024 na Fundação HEMOPA. Foram considerados os testes de triagem sorológica (Anti-HBc, Anti-HCV, Anti-HTLV I/II e HBsAg) e molecular (NAT para HIV, HCV e HBV), além da confirmação por PCR em tempo real. Este estudo não necessitou de submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa, pois utilizou exclusivamente dados laboratoriais secundários, anonimizados, sem identificação nominal dos participantes, sem uso de material biológico adicional e sem intervenção na rotina dos doadores, atendendo aos critérios previstos na Resolução CNS n° 466/12.
ResultadosFoi identificada uma amostra com coinfecção HTLV-1/HCV, apresentando NAT HCV detectável. Esta mesma amostra foi reagente para Anti-HTLV I/II (valor de 113,500) e Anti-HCV (18,460). Com relação ao HBV, observou-se NAT indetectável, Anti-HBc reagente (2,820) e HBsAg reagente (1,690). O teste NAT para HIV foi indetectável.
DiscussãoO resultado apresentado no estudo está em consonância com dados da literatura, que apontam que coinfecções entre HTLV e outros vírus de transmissão sanguínea (como HCV, HBV e HIV) são relativamente frequentes, devido às vias compartilhadas de transmissão, principalmente contato sexual, uso de drogas injetáveis e exposição a sangue contaminado. Estudos indicam que pessoas com coinfecção HTLV/HCV apresentam maior risco de agravamento clínico, incluindo evolução mais rápida para doença hepática crônica e efeitos sinérgicos dos vírus no sistema imunológico, o que reforça a necessidade de triagem rigorosa em serviços de hemoterapia e vigilância epidemiológica constante. Além disso, trabalhos científicos já publicados destacam que a aplicação combinada de métodos sorológicos e moleculares aumenta a sensibilidade e especificidade na detecção de infecções transmissíveis, contribuindo não só para a segurança transfusional, como também para a determinação mais precisa da prevalência dessas infecções em doadores de sangue, auxiliando assim na criação de políticas públicas de saúde em áreas de alta endemicidade.
ConclusãoA combinação de testes sorológicos e moleculares utilizados na Fundação HEMOPA tem se mostrado eficaz na identificação de coinfecções, sendo essencial para a segurança transfusional. Além disso, os dados obtidos contribuem significativamente para o monitoramento epidemiológico das infecções transmissíveis por transfusão.




