HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA anemia ferropriva é a deficiência nutricional mais prevalente no mundo, responsável por impacto significativo na saúde pública devido às suas repercussões clínicas e socioeconômicas. Em casos mais graves, pode demandar internação hospitalar, especialmente em populações vulneráveis como idosos e indivíduos com comorbidades crônicas. No Brasil, a distribuição das internações por anemia ferropriva pode refletir desigualdades regionais no acesso à prevenção, diagnóstico e tratamento, tornando-se um importante indicador para o planejamento de políticas de saúde.
ObjetivosCaracterizar o perfil epidemiológico das internações hospitalares por anemia ferropriva nas macrorregiões brasileiras, no período de janeiro de 2019 a janeiro de 2024, considerando aspectos demográficos, clínicos e desfechos hospitalares.
Material e métodosEstudo observacional, descritivo, transversal e de base populacional, conduzido a partir de dados secundários do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), disponibilizados pelo DATASUS. Foram avaliadas todas as internações por anemia por deficiência de ferro no período especificado, analisando-se número absoluto de internações por ano e macrorregião, natureza do atendimento (urgente ou eletivo), custo médio por internação, tempo médio de permanência, número de óbitos e taxa de mortalidade hospitalar. A análise foi estratificada por faixa etária, sexo e cor/raça. Por utilizar dados públicos e de domínio aberto, a pesquisa não necessitou de apreciação por Comitê de Ética em Pesquisa.
ResultadosNo período de estudo, foram registradas 66.530 internações por anemia ferropriva, com tendência crescente ao longo dos anos. O menor número ocorreu em 2019 (7.751; 11,65%) e o maior em 2023 (15.680; 23,56%). A distribuição regional evidenciou maior concentração no Sudeste (27.371; 41,14%), seguido pelo Nordeste (17.603; 26,45%), Sul (10.346; 15,55%), Norte (5.614; 8,43%) e Centro-Oeste (5.596; 8,41%). O Sudeste também apresentou o maior número absoluto de óbitos (1.375; 2,06%), seguido do Nordeste (861; 1,29%). A maioria dos atendimentos foi classificada como urgente (94,19%), sendo 5,80% de caráter eletivo. O custo médio por internação foi de R$ 440,75 e o tempo médio de permanência hospitalar foi de 4,8 dias. No total, ocorreram 2.929 óbitos, correspondendo a uma taxa de mortalidade de 4,40%. Quanto à faixa etária, os maiores números de internações ocorreram em indivíduos ≥80 anos (11.748; 17,65%), 70–79 anos (11.558; 17,37%) e 60–69 anos (9.999; 15,02%), que também concentraram o maior número de óbitos (965, 737 e 538, respectivamente). O sexo feminino representou 58,50% das internações. Em relação à cor/raça, houve predomínio de indivíduos pardos (43,55%), seguidos de brancos (33,90%); 10.393 registros não continham essa informação.
Discussão e conclusãoOs dados confirmam aumento expressivo das internações por anemia ferropriva no Brasil, com concentração no Sudeste e predominância em idosos. A elevada proporção de atendimentos urgentes sugere falhas no rastreamento e tratamento precoce, contribuindo para maior morbimortalidade e custos. O predomínio no Sudeste, apesar de maior infraestrutura, pode refletir desigualdades internas e vulnerabilidade de grupos específicos. O cenário reforça a necessidade de políticas públicas voltadas à prevenção e ao manejo precoce, incluindo educação nutricional, rastreamento em grupos de risco e ampliação do acesso à suplementação de ferro, visando reduzir internações, óbitos e disparidades regionais.




