A hemoglobina (Hb) é uma proteína fundamental para o transporte de oxigênio nos eritrócitos, sendo um dos parâmetros centrais na triagem pré-doação. A aferição dos níveis de Hb permite verificar a aptidão do candidato, prevenindo riscos ao doador e assegurando a qualidade do hemocomponente coletado. Segundo a Resolução RDC n° 34/2014 da ANVISA, os valores mínimos aceitáveis para doação são de 12,5 g/dL para mulheres e 13,0 g/dL para homens. Alterações nos níveis de hemoglobina, sejam por anemia ou policitemia, são causas recorrentes de inaptidão e impactam diretamente na disponibilidade do estoque transfusional.

Analisar os níveis de hemoglobina em candidatos à doação de sangue no HEMOSE durante o ano de 2024, com base em gênero e classificações (Hb baixa, normal e alta), a fim de subsidiar estratégias de qualificação da triagem e aumento da taxa de aptidão.

Estudo transversal, descritivo e retrospectivo, realizado com base nos registros eletrônicos do sistema HEMOVIDA. Foram incluídos todos os candidatos à doação atendidos entre 02 de janeiro e 30 de dezembro de 2024. Os dados referentes ao gênero, município e níveis de hemoglobina foram extraídos do sistema, com medições realizadas pelo equipamento Hemocue Hb 201 DM. Os critérios de normalidade seguiram a RDC n° 34/2014. A análise estatística descritiva e gráfica foi conduzida em Python 3.11 com Matplotlib. Durante o ano de 2024, foram avaliados 37.450 candidatos à doação, sendo 23.890 (63,8%) do sexo masculino e 13.560 (36,2%) do sexo feminino.Entre os homens: 92% apresentaram Hb normal (22.000); 2% foram inaptos por Hb baixa (480); 5,9% apresentaram Hb elevada (1.410). Entre as mulheres: 79,6% apresentaram Hb normal (10.800); 18,5% foram inaptas por Hb baixa (2.515); 1,8% apresentaram Hb elevada (245).

A análise revela uma prevalência masculina significativamente superior na população de candidatos à doação, padrão já consolidado em diversos hemocentros brasileiros. Tal diferença pode estar relacionada a fatores fisiológicos, como a maior frequência de anemias em mulheres, sobretudo em idade fértil, e fatores sociais ligados ao perfil do doador voluntário. O número de inaptidões por Hb baixa entre as mulheres foi cinco vezes superior ao dos homens, reforçando a importância de estratégias nutricionais, educação em saúde e triagem orientada.Os dados de 2024 evidenciam a predominância do sexo masculino na doação de sangue e um maior índice de inaptidão por Hb baixa no sexo feminino. A hemoglobina permanece como um dos principais determinantes de elegibilidade à doação. Investimentos em estratégias educativas, nutricionais e de sensibilização do público feminino podem contribuir significativamente para a ampliação do número de doadores aptos, fortalecendo a política pública de sangue em Sergipe.