Compartilhar
Informação da revista
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 1454
Acesso de texto completo
AVALIAÇÃO DO PERFIL TRANSCRICIONAL DE PACIENTES COM LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA E MUTAÇÃO NO GENE TP53 COM BASE EM ÍNDICE DE IMATURIDADE CELULAR
Visitas
55
MT Bessoni, AMGd Aguiar, PLdF Neto, MT Reis Silva, LMF Souza, VEdM Luna, MPdM Vasconcelos, BAdF Lacerda, ABdS Araújo, ARLd Araújo
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, PE, Brasil
Este item recebeu
Informação do artigo
Suplemento especial
Este artigo faz parte de:
Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

Mais dados
Introdução

Pacientes com leucemia mieloide aguda (LMA) e mutação no gene TP53 (TP53MUT) fazem parte de um grupo de prognóstico adverso de acordo com a estratificação de risco usada na doença, devido a um comprometimento na resposta terapêutica à quimioterapia, drogas alvo-específicas e Transplante de Medula Óssea (TMO) pela própria biologia da mutação. Entretanto, além dos critérios levados em consideração nessa estratificação, a sobrevida e resposta do paciente também pode ser impactada pelo status de diferenciação das células leucêmicas, já que um maior nível de imaturidade celular está relacionado a um pior prognóstico devido a processos de quiescência. Uma forma de acessar a maturidade celular é por índices de "stemness", como o LSC17, baseado na expressão de 17 genes e amplamente utilizado na prática clínica.

Objetivos

Assim, este estudo objetivou avaliar diferenças nos perfis de maturidade e identificar comportamentos celulares distintos em pacientes de LMA com TP53MUT.

Material e métodos

Foram utilizados dados públicos da coorte BEATAML, selecionando pacientes com TP53MUT com dados de RNA-seq, totalizando 55 amostras. A aplicação do LSC17 consistiu na soma do produto entre a expressão de cada um dos genes e seus respectivos coeficientes, onde um alto índice se traduz como maior imaturidade. As amostras foram dicotomizadas em grupos de alto índice e baixo índice ("high e low") utilizando o pacote cutpointr do R. A sobrevida global dos grupos foi calculada por Kaplan-Meier e comparada pelo teste de log-rank, onde P < 5% foi considerado significativo. Para análise de expressão gênica diferencial, foi utilizada a função limma-voom do Galaxy. Para a análise de enriquecimento, aplicou-se o Gene Ontology (GO) e a análise de enriquecimento de conjuntos gênicos (GSEA).

Resultados

A análise de sobrevida global dos grupos mostra que o grupo high teve uma sobrevida maior em relação ao grupo low (p = 0.01), dado que contraria a hipótese de que maior imaturidade implica pior prognóstico. Para identificar mecanismos que expliquem esse dado, foram realizadas análises de expressão gênica diferencial e de enriquecimento, a fim de investigar vias e processos enriquecidos no grupo low. A expressão gênica diferencial retornou 657 genes diferencialmente expressos regulados positivamente e 1091 regulados negativamente. No GSEA, foi identificado que vias inflamatórias, ativação do sistema complemento, ativação de p53 e processos relacionados a rejeição de alotransplantes estavam enriquecidos positivamente no grupo low. O GO mostrou uma regulação positiva de processos relacionados a processamento e apresentação de antígeno.

Discussão e conclusão

O enriquecimento da via p53, ligada à apoptose, e de vias que podem ativá-la, como complemento e inflamação, sugere tentativa de indução de morte celular. A regulação positiva de apresentação de antígeno também pode relacionar-se a cascatas inflamatórias. Contudo, a mutação TP53 inviabiliza sua função como fator de transcrição, interrompendo a sinalização e impedindo a apoptose. A perda desse estímulo pode induzir a falha no TMO, como sugere o aumento de vias de rejeição. Assim, o grupo low, apesar de mais maduro, apresentou pior sobrevida possivelmente por depender mais da via p53 disfuncional. Conclui-se que pacientes com perfis de maturidade distintos apresentaram diferença na sobrevida, bem como ativação de diferentes processos celulares que podem justificar essa diferença. Entretanto, investigações adicionais são necessárias para confirmar a hipótese e explorar implicações terapêuticas.

O texto completo está disponível em PDF
Baixar PDF
Idiomas
Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Opções de artigo
Ferramentas