HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosNo tratamento da leucemia promielocitia aguda a combinação de trióxido de arsênico e tretinoína é vista, hoje, como padrão ouro de tratamento. Sendo essa uma doença classicamente de bom prognóstico, o padrão quimioterápico anterior mantém bons resultados, mas as custas de internações mais prolongadas e maiores demandas transfusionais. Ainda assim, a sensível diferença de preço entre os dois protocolos torna complexa a implementação dessa medicação no sistema único de saúde e a padronização dele vem sendo tema de debate. Em nosso serviço, que terceiriza a manipulação de quimioterápicos, obtivemos, a 1 ano, autorização da diretoria para padronização do trióxido de arsênico, após análise interna de custos.
ObjetivosApresentamos aqui os resultados dos 3 pacientes iniciais, comparando desfechos e custos objetivos para fomentar o debate sobre a inclusão desse medicamento.
Material e métodosEstudo de coorte retrospectivo por levantamento de prontuário de casos consecutivos de leucemia promielocitica aguda em maiores de 18 anos. Serão levantados todos os casos de 2015 a 2025 para comparação de sobrevida e, posteriormente, serão levantados em formato sequencial 4 casos controle com desfecho favorável para comparação de custos dos 3 casos pivotais do tratamento recente.Todos os custos serão atualizados para valores atuais e padronizados. Todos os pacientes serão padronizados em superfície corporal. A comparação de sobrevida sera feita pelo método de Kapplan Meier em intention to treat e incluindo apenas pacientes que receberam pelo menos uma dose de trióxido de arsênico ou quimioterapia. Para analise de custo sera usado custo total objetivo. O modelo sera rodado com os dados de custo original dos casos e com o valor de mercado do trióxido de arsênico para mimetizar um serviço que tenha capela para manipulação direta de medicamentos.
ResultadosForam incluídos um total de 18 pacientes. Quatro com ATRA+ATO e 14 com poliquimioterapia. Um paciente no grupo ATA+ATRO faleceu no dia da admissão por sangramento de sistema nervoso central. Três pacientes do grupo poliquimioterapia faleceram antes do início do protocolo por sangramento, os óbitos foram entre D10 e D22 dado manutenção em UTI após evento hemorrágico com uso de ATRA. A SG por ITT foi de 75% com ATRA+ATO e 54.3% com poliquimioterapia. Dos com o esquea novo, todos eram de risco intermediario. Dos controles, 2 tinham risco intermediario e 2 alto risco. O grupo de ATO+ATRA era mais jovem (34.7x29.3 anos). Em média, os pacientes que completaram protocolo ATA+ATO tiveram um custo total de R$ 180 mil (R$ 171 mil -R$192 mil) enquanto a poliquimioterapia gerou um custo médido de R$ 188 mil (R$ 210 mil - 165 mil). Em media, o novo protocolo reduziram em 40 dias de internação, 10 concentrados de hemaceas, 120 unidades randomicas de plaquetas e 40 unidades de crioprecipitado por paciente. No modelo usando custo de mercado para aquisição direta, o custo estimado médio para pacientes com a combinação de trióxido de arsênico e tretinoína foi de R$ 147 mil.
Discussão e conclusãoEmbora com amostra limitada, entendemos ser representativo de uma experiencia de mundo real dentro do sistema unico. Em nossos casos, obtivemos uma economia de R$ 8 mil com a inclusao da nova medicacao e impacto sensivel em sobrevida. Em caso de manipulacao direta essa economia foi estimada, baseado em nossos dados, em até R$ 40 mil por tratamento. Essa economia tambem se traduz em reducao sensivel do consumo de hemocomponentes e vagas especializadas.
Referência:
Lo-Coco F, Avvisati G, Vignetti M, Thiede C, Orlando SM, Iacobelli S, et al. Retinoic acid and arsenic trioxide for acute promyelocytic leukemia. N Engl J Med. 2013;369(2):111–21. doi:10.1056/NEJMoa1300874.




