Plaquetas são componentes do sangue essenciais para a coagulação e sua perda impacta diretamente na disponibilidade para transfusões, especialmente em situações de aumento da demanda, devendo ser adotadas ações estratégicas para otimizar o uso. O descarte de concentrados de plaquetas, mesmo indesejável, é um desafio diário aos bancos de sangue.

Plaquetas são componentes do sangue essenciais para a coagulação e sua perda impacta diretamente na disponibilidade para transfusões, especialmente em situações de aumento da demanda, devendo ser adotadas ações estratégicas para otimizar o uso. O descarte de concentrados de plaquetas, mesmo indesejável, é um desafio diário aos bancos de sangue.

Este é um estudo retrospectivo e comparativo baseado na análise dos relatórios institucionais de descarte de concentrados de plaquetas por contaminação por hemácias, nos bancos de sangue do Grupo Gestor de Hemoterapia (Grupo GSH). Foram avaliados dois períodos distintos: de setembro de 2023 a agosto de 2024 (antes da padronização da inspeção visual) e de setembro de 2024 a junho de 2025 (após a padronização). A padronização foi implementada a partir de setembro de 2024 em todas as unidades do Grupo GSH, por meio da introdução de uma placa de referência para avaliação visual da coloração dos concentrados de plaquetas, com foco na detecção de contaminação por hemácias.

No período anterior à padronização (set/2023 a ago/2024), foram coletadas 198.644 bolsas de sangue total, das quais foram produzidos 153.316 concentrados de plaquetas (77%). Nesse intervalo, foram descartados 1.709 concentrados por contaminação por hemácias, o que representa 1,11% da produção. Após a padronização (set/2024 a jun/2025), foram coletadas 165.741 bolsas, resultando na produção de 130.910 concentrados de plaquetas (79%), com 1.149 descartes pelo mesmo motivo, equivalendo a 0,69% da produção. Observou-se, portanto, uma redução proporcional de 37,8% nos descartes por contaminação de hemácias após a padronização da inspeção visual. A partir de setembro de 2024, foi implantado em nível nacional, nos bancos de sangue do Grupo GSH, um modelo padronizado de inspeção visual dos concentrados de plaquetas, utilizando uma placa de referência para identificação de alterações de coloração indicativas de contaminação por hemácias. A adoção desse protocolo visou uniformizar os critérios de avaliação visual, aprimorar a triagem dos hemocomponentes e reduzir perdas evitáveis. A redução observada nos descartes sugere que a padronização contribuiu para maior consistência na identificação de contaminações, embora ainda sejam necessárias medidas complementares de controle e prevenção ao longo do processo produtivo.

A padronização da inspeção visual da coloração dos concentrados de plaquetas contribuiu para a redução dos descartes por contaminação por hemácias, ainda que de forma discreta. Os dados indicam que a contaminação pode estar associada a falhas no processo de separação do sangue total, ressaltando a importância da manutenção periódica e calibração adequada dos equipamentos, da revisão contínua dos documentos operacionais, e do treinamento sistemático das equipes. Tais medidas são essenciais para garantir a qualidade do hemocomponente e minimizar perdas evitáveis.