A hemoterapia é uma área altamente regulada e técnica da saúde, que exige rigorosos controles de qualidade para garantir a segurança do receptor. Hemocomponentes como concentrado de hemácias, plaquetas e plasma são amplamente utilizados em contextos clínicos e cirúrgicos. Neste contexto, a atuação do enfermeiro vai além da assistência direta, incluindo responsabilidades no monitoramento de qualidade dos hemocomponentes, contribuindo ativamente com a segurança transfusional.

O relato foi desenvolvido no serviço de hemoterapia da Pulsa Rio Grande do Sul – Unidade Moinhos de Vento, em Porto Alegre (RS). A enfermeira atuante integra a equipe multiprofissional responsável pelo controle de qualidade dos hemocomponentes. As atividades desempenhadas incluíram: Coleta periódica de amostras de hemocomponentes, seguindo critérios técnicos definidos; Inspeção visual das bolsas, com atenção a alterações de cor, presença de coágulos, turvação e sinais de hemólise; Verificação de temperatura e validade, assegurando condições adequadas de armazenamento; Discussão e análise conjunta dos resultados laboratoriais com a biomédica da equipe; Elaboração de planos de ação corretivos e preventivos diante de não conformidades; Registro sistemático das ações, garantindo rastreabilidade e padronização do processo. Durante a rotina, foi identificada uma não conformidade recorrente no registro de bolsas de plaquetas por aférese. Algumas bolsas classificadas como "simples" estavam sendo registradas incorretamente como "duplas", o que exigiu análise técnica e implementação de ações corretivas.

A atuação do enfermeiro em hemoterapia tem se expandido, sendo reconhecida como fundamental nos processos que envolvem segurança e qualidade. O profissional de enfermagem possui papel técnico, organizacional e educativo, sendo peça-chave na articulação de práticas seguras. A participação da enfermeira no controle de qualidade exemplifica a relevância da abordagem multiprofissional, onde o trabalho em conjunto com a biomédica resultou em decisões mais assertivas e eficazes. A capacidade de identificar desvios precocemente e propor soluções contribui diretamente para a melhoria contínua dos processos internos e para a prevenção de eventos adversos. Este relato de experiência reforça a importância da atuação da enfermagem nos processos de controle de qualidade dos hemocomponentes. A experiência na Pulsa RS – Unidade Moinhos de Vento demonstrou que o enfermeiro, além de suas atribuições assistenciais, desempenha papel estratégico na segurança transfusional, na análise crítica de processos e na construção de um cuidado multiprofissional de excelência. Investimentos em capacitação contínua e valorização profissional são essenciais para fortalecer ainda mais essa atuação.