HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosEstudos sugerem uma relação entre o sistema ABO e a suscetibilidade à infecção por SARS-CoV-2, possivelmente por interação de anticorpos anti-A e anti-B com o envelope viral ou receptores virais. A presença e a concentração desses anticorpos podem atuar como fator protetor e influenciar a gravidade da doença.
ObjetivosAvaliar a titulação de isoaglutininas anti-B em pacientes hospitalizados por Covid-19 em Uberaba-MG, entre maio/2020 e junho/2021, e verificar a relação de titulações altas e baixas com gravidade e mortalidade.
Material e métodoEste estudo foi aprovado pelo CEP HC-UFTM (CAAE 31328220.80000.8667). A tipagem sanguínea foi determinada por prova reversa e foi realizada a titulação da isoaglutinina anti-B no soro. Foram selecionados os pacientes dos tipos A e O. A análise estatística foi feita pelo programa SPSS 20.0. As variáveis analisadas foram: sexo, idade, desfecho e gravidade. As variáveis contínuas foram descritas por média desvio padrão e as categóricas descritas por percentuais. As variáveis qualitativas foram analisadas por meio do teste Qui-Quadrado, e a significância considerada quando p < 0,05.
ResultadosAnalisaram-se 315 pacientes com média de idade 59,86 ± 16,48 anos. Destes 61,3% homens e 38,7% mulheres. Quanto ao desfecho, 37,5% foram a óbito e 62,5% receberam alta. Casos leves corresponderam a 22,2%, moderados a 33% e graves a 44,8%. Grupos sanguíneos: O (58,7%) e A (41,3%). Titulações de anti-B: 1/1 (7,3%), 1/2 (9,8%), 1/4 (15,6%), 1/8 (22,2%), 1/16 (20,3%), 1/32 (16,2%), 1/64 (5,1%), 1/128 (3,2%) e 1/256 (0,3%). Entre os 118 óbitos, 113 ocorreram em pacientes com quadro grave, mostrando associação significativa entre gravidade e desfecho (p < 0,05). A avaliação total dos títulos demonstrou que títulos baixos (< 1/128) mostraram maior número de óbitos, sem significância estatística (p > 0,05). Quando os títulos foram analisados de forma separada, altos (≥ 1/128) e baixos, observou-se que títulos altos estavam associados a menor ocorrência de óbitos (p < 0,05), enquanto baixos se associaram a maior mortalidade (p < 0,05). Contudo, quando analisados títulos altos e baixos vs desfecho e gravidade, a associação não foi significativa (p > 0,05).
Discussão e conclusãoEstudos sugerem uma possível relação entre o aumento nos títulos anti-A e anti-B e uma redução significativa no risco de mortalidade por Covid-19. Embora neste estudo a análise descritiva tenha mostrado maior frequência de óbitos em pacientes com títulos baixos de anti-B, a análise de todas as amostras não evidenciou associação significativa com o desfecho, indicando que a titulação de anti-B não se associou de forma significativa à gravidade ou mortalidade por Covid-19. Ao separar os títulos em altos e baixos, houve associação isolada significativa entre títulos altos e menor mortalidade, e entre títulos baixos e maior mortalidade (p < 0,05). Contudo, essa associação não se manteve quando analisada conjuntamente com gravidade e desfecho (p > 0,05), possivelmente devido ao baixo número de pacientes com títulos altos, o que pode ter reduzido o poder estatístico. Diante dos resultados obtidos a titulação de anti-B não parece ser um bom preditor de mortalidade.
Apoio financeiroFAPEMIG.




