HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA leucemia mieloide aguda (LMA) é uma neoplasia hematológica caracterizada pela expansão clonal e bloqueio de diferenciação dos precursores mieloides, resultando em baixas taxas de sobrevida, especialmente em pacientes idosos e naqueles com doença refratária. A LMA representa um importante desafio terapêutico devido à ineficácia dos tratamentos disponíveis. O CD123 é a cadeia alfa do receptor de superfície para a interleucina-3, e sua superexpressão foi observada nos blastos da LMA, estando associada a um pior prognóstico. Estudos recentes em imunoterapia, particularmente com anticorpos monoclonais direcionados ao receptor de interleucina-3 (CD123), têm mostrado potencial para enfrentar esses desafios.
ObjetivosNesta revisão sistemática, avaliou-se se o uso da imunoterapia anti-CD123, reportados em ensaios clínicos, pode melhorar o prognóstico e a sobrevida global (SG) em pacientes com LMA e se pode ser indicada para pesquisas adicionais ou inclusão como terapia padronizada para pacientes com LMA recidivada ou refratária.
Material e métodosEsta revisão sistemática foi conduzida conforme as diretrizes do PRISMA e o Cochrane Handbook. Os critérios de elegibilidade, a estratégia de busca e a pergunta de revisão — "Qual é a eficácia do tratamento com anticorpos monoclonais anti-CD123 sobre a mortalidade e a sobrevida global em pacientes com leucemia mieloide aguda?" — foram formulados de acordo com a abordagem PICOS. As bases de dados pesquisadas foram: PubMed, Scopus, Embase, Web of Science e Cochrane Central Register of Controlled Trials. O protocolo foi registrado na plataforma PROSPERO (CRD42023444507). As etapas de seleção dos estudos e extração de dados (em tabela padronizada) foram realizadas por dois pesquisadores independentes, e qualquer discrepância removida por dois especialistas.
Discussão e conclusãoUm total de 1.303 estudos foi recuperado na busca, com a remoção de 382 duplicatas. Foram incluídos oito ensaios clínicos — sete não randomizados e um randomizado — abrangendo abordagens como conjugados anticorpo-fármaco, anticorpos biespecíficos e terapias de redirecionamento de afinidade dupla. Os estudos incluídos ocorreram entre 2010 e 2024, todos sendo multicêntricos. Os desfechos analisados foram mortalidade, sobrevida global (SG) e resposta global (RG). As taxas de mortalidade foram relatadas em sete dos oito ensaios e variaram substancialmente, de 2,5% a 97%. A SG variou de 2,99 a 14 meses, e a RG variou de ausência de resposta clínica até 64% dos participantes apresentando resposta. As evidências reunidas mostraram um perfil de segurança desfavorável, com reações adversas significativas, e taxas de mortalidade e sobrevida global bastante variáveis. As taxas de remissão foram comparáveis às de terapias já conhecidas e utilizadas na prática clínica, como Decitabina e Venetoclax. Embora o tratamento com anticorpos monoclonais anti-CD123 demonstrar potencial em cenários específicos, os desafios relacionados à segurança, tolerabilidade e eficácia consistente destacam a necessidade de mais pesquisas para otimizar seu papel no manejo da LMA.




