HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAs doenças tromboembólicas provocam a obstrução de vasos devido a formação de coágulos sanguíneos e configuram altos indicadores de morbidade e mortalidade no Brasil. Em mulheres em idade reprodutiva, o risco é maior em comparação aos homens, especialmente entre a menarca e a menopausa, devido, sobretudo, à exposição estrogênica, tornando a prevenção e o diagnóstico precoce essenciais para a saúde feminina.
ObjetivosAvaliar o perfil epidemiológico das internações por flebite, tromboflebite, embolia e trombose venosa nas mulheres em idade reprodutiva no período de 2019 a 2024 no estado de São Paulo.
Material e métodosTrata-se de um estudo epidemiológico retrospectivo e quantitativo, cujos dados foram encontrados no Sistema de Informação Hospitalar (SIH/SUS) do Departamento de Informática do SUS (DATASUS), referente ao estado de São Paulo nos anos de 2019 a 2024, com filtro para flebite, tromboflebite, embolia e trombose venosa. As variáveis contempladas foram número de internações, caráter de atendimento, gênero, idade, cor/raça e número de óbitos.
ResultadosForam registradas 15.831 internações por eventos tromboembólicos em mulheres de 15 a 49 anos entre 2019 e 2024 no estado de São Paulo, com destaque para as cidades de São Paulo (21,3%), Jundiaí (3,7%) e Guarulhos (1,9%). A distribuição por cor/raça mostra maior prevalência na população branca (51,7%), seguida por pardos (30,8%) e sem informação (10,8%). As internações de indivíduos pretos, amarelos e indígenas foram significativamente menores, representando (5,54%, 0,9% e 0,01%), respectivamente. Em relação à faixa etária, as mulheres de 40‒49 anos foram as mais acometidas, representando 47,6% da amostra total. Quanto à mortalidade, 95 internações evoluíram com óbito, sendo 25% no último ano. Quanto ao caráter de atendimento dos casos, 95,3% das internações foram de urgência.
Discussão e ConclusãoEm análise, o predomínio de internações na região metropolitana reflete sua elevada densidade populacional e maior capacidade diagnóstica e assistencial. A baixa representação de mulheres pretas, amarelas e indígenas pode refletir tanto uma menor incidência quanto subnotificação ou barreiras de acesso ao sistema de saúde. Além disso, a grande porcentagem da categoria “sem informação” prejudica a análise correta dos dados. A maior ocorrência de casos entre mulheres de 40 a 49 anos é compatível com o aumento do risco trombótico nessa faixa etária, possivelmente relacionado a comorbidades, uso de terapias hormonais e maior frequência de intervenções médicas. A predominância de internações de urgência evidencia o caráter agudo e potencialmente grave desses eventos. A ocorrência de 25% dos óbitos apenas no último ano analisado, reforça a relevância do tema para a saúde pública e a necessidade de estratégias preventivas mais eficazes, especialmente para populações em maior risco. Os resultados reforçam a necessidade de aprofundar investigações sobre os determinantes individuais, sociais e sistêmicos envolvidos nos eventos tromboembólicos em mulheres em idade reprodutiva, além de subsidiar ações voltadas à prevenção, ao diagnóstico precoce e ao tratamento oportuno dessas condições.
Referências:
Barros VI, Oliveira A, Nascimento D, Zlotnik E; Febrasgo Position Statement. Uso de hormônios e risco de tromboembolismo venoso. Fed Bras das Assoc Ginecol e Obs. 2024;1–7.
Gomes MR, et al. Trombofilias na gestação. J Vasc Bras. 2019;18(3):221-33.
Sobreira ML, et al. Diretrizes sobre trombose venosa profunda da SBACV. J Vasc Bras. 2024;23:e20230107.




