HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO fator VII (FVII) é uma glicoproteína sintetizada pelo fígado, dependente da vitamina K, onde cerca de 99% estão circulantes no plasma sanguíneo em sua forma inativada (zimogênio) e somente 1% do total é encontrado na forma ativada. Sua meia-vida plasmática é curta, estando em torno de 4-6 horas. Além disso, possui fundamental importância na iniciação da coagulação sanguínea, pois sua forma ativada juntamente com o fator tissular que é exposto após a lesão endotelial, torna-se responsável pela ativação dos fatores IX e X da coagulação, os quais fazem parte da via intrínseca e corroboram para o desenvolvimento da cascata de coagulação sanguínea. A deficiência do FVII tem a sua etiologia congênita, sendo a mais comum entre as coagulopatias hereditárias raras, onde constatam-se polimorfismos e mutações no gene do FVII, como também na forma adquirida atrelando-se a doença hepática, a deficiência de vitamina K, uma dieta rica em gordura, aos altos níveis de triglicérides plasmáticos, a idade, obesidade, diabetes, uso de hormônios femininos, sepse e/ou transplante de medula óssea. Sendo assim, foi realizado um levantamento epidemiológico nos anos de 2020 à 2022, buscando-se compreender a prevalência da deficiência do FVII no Brasil, uma vez que ainda são escassos os estudos sobre esse tema.
ObjetivosO estudo objetiva demonstrar a prevalência da deficiência do FVII no Brasil, no triênio 2020-2022.
Material e métodosFoi realizado um levantamento epidemiológico, utilizando bases de dados científicas como PubMed, Scielo e Google Scholar. Foram selecionados artigos, revisões e estudos de caso publicados nos últimos 5 anos que abordam a deficiência do FVII, no período de 2020 a 2022. A análise incluiu a comparação de diferentes abordagens e achados clínicos relevantes para a compreensão dos mecanismos envolvidos.
ResultadosConstatou-se que a deficiência do FVII no período avaliado, mantém-se como a principal alteração nos fatores de coagulação, com percentuais acima de 60%, quando comparado aos demais componentes da cascata de coagulação. Cabe ressaltar que a região Sudeste apresenta o maior número de casos, com maior destaque para o estado de São Paulo, seguido do Rio de Janeiro e Minas Gerais, respectivamente.
Discussão e conclusãoOs dados obtidos com o estudo, possibilita ampliar a visão sobre a disparidade regional encontrada no Brasil. Torna-se relevante destacar que a região Sudeste é a de maior prevalência, por possuir o maior contingente populacional do país, assim como a maior concentração de recursos financeiros quando comparada com as demais regiões. Contudo, há que se complementar que a maior disponibilidade de planos de saúde, assim como a maior oferta de recursos diagnósticos tanto no setor público, quanto no privado, contribui significativamente para que a região Sudeste se mantenha com esse quantitativo superior. O estudo conclui que a deficiência do FVII, é a principal causa dos distúrbios hemorrágicos hereditários raros e/ou adquiridos, com predominância na região Sudeste do Brasil. Evidencia-se a importância do desenvolvimento de pesquisas sobre esta deficiência, há um expressivo número de pessoas acometidas e a sua prevalência se mantém constante.
Referências:
Perry D. Factor VII Deficiency. Br J Haematol. Oxford. 2002;118(3):689-700.
Perry DJ. Factor VII deficiency. Blood Coagul Fibrinolysis. Oxford. 2003;14 (Suppl 1):S47-54.
Pollak E, et al. Asymptomatic factor VII deficiency in African Americans. Am J Clin Pathol. Baltimore. 2006;126(1):128-32.




