HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAs leucemias são neoplasias malignas dos leucócitos, com origem em alterações genéticas e/ou ambientais que levam à proliferação celular desregulada, evasão da apoptose e alterações na expressão de glicoproteínas como a CD58. Essa glicoproteína de superfície, também conhecida como LFA-3, participa da adesão e ativação de células T, exercendo papel crucial na resposta imune. A interação CD58-CD2 é essencial na formação da sinapse imunológica e ativação de células T de memória, atuando de forma complementar à via CD28-B7. O papel da molécula coestimulatória CD58 vem despertando o interesse de novas pesquisas.
ObjetivosO presente trabalho teve como objetivo avaliar a função imunológica e diagnóstica da CD58 em leucemias, bem como sua relevância prognóstica.
Material e métodosFoi realizada uma revisão bibliográfica por meio de bases de dados Google Acadêmico e PubMed. Foram utilizados os seguintes termos em inglês: “leukemia” e “CD58”. A seleção dos artigos foi realizada com base na análise de títulos e resumos, priorizando aqueles que abordavam a imunologia da glicoproteína CD58, sua associação com o prognóstico em neoplasias hematológicas e sua aplicabilidade na detecção de doença residual mínima (DRM). Para os estudos relacionados à estrutura molecular e aspectos imunológicos fundamentais da CD58, não foi aplicado critério restritivo de data, considerando a importância dos primeiros relatos sobre a caracterização da molécula. Para os artigos relacionados à aplicação clínica e terapêutica, foram priorizados trabalhos com publicação mais recente, a fim de refletir os avanços mais atuais da literatura científica na área.
Discussão e conclusãoA CD58 apresenta isoformas transmembrana, ancorada em GPI e solúvel (sCD58), esta última com potencial imunomodulador. Altas concentrações de sCD58 podem inibir a adesão celular e a resposta imune, favorecendo a evasão tumoral. Sua função ganha destaque em contextos como infecções crônicas, transplantes e câncer, especialmente quando há perda da expressão de CD28. A expressão de CD58 tem valor diagnóstico, sendo mais elevada em leucemias linfoides agudas (LLA), sobretudo no subtipo B. Também se destaca como marcador útil para a detecção de DRM, sendo incluída em painéis de citometria de fluxo para rastreamento de blastos residuais. Estudos demonstraram que sua superexpressão está presente em mais de 90% dos casos de LLA-B e sua presença em células remanescentes após tratamento pode indicar DRM. No contexto terapêutico, a presença ou ausência de CD58 influencia diretamente a eficácia de imunoterapias, como as células CAR-T. A perda de expressão de CD58 compromete a formação da sinapse imunológica e reduz a resposta funcional dessas células, diminuindo a secreção de citocinas essenciais (IL-2, TNF, IFN-γ). Assim, CD58 se destaca como biomarcador preditivo para terapias celulares. Segundo o Grupo Brasileiro de Citometria de Fluxo (2021), CD58 é recomendado como marcador adicional na LLA-B, por sua expressão elevada em células malignas e baixa nos precursores normais. Sua aplicação conjunta com outros antígenos (CD10, CD19, CD34, CD38, CD81) é indicada para aumentar a precisão diagnóstica. Conclui-se que CD58 é um marcador funcional e prognóstico relevante nas leucemias, podendo auxiliar na definição de condutas clínicas, monitoramento da DRM e na seleção de terapias imunológicas. Novos estudos são desejáveis para esclarecer profundamente o papel deste biomarcador.




