HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO processo produtivo dos hemocomponentes apresenta custo elevado, uma vez que exige mão de obra especializada e uso de tecnologia de ponta, seguindo protocolos que priorizam a qualificação técnica, a qualidade do produto final e a segurança transfusional. Nesse contexto, o descarte de hemocomponentes não conformes torna-se obrigatório, conforme determina a Portaria n° 158 de 04/02/2016 do Ministério da Saúde. Contudo, uma parcela considerável desses hemocomponentes é descartada por outros motivos, o que representa perdas significativas para os serviços de hemoterapia.
ObjetivosAvaliar as principais causas de descarte de hemocomponentes no serviço de hemoterapia da instituição Hemovida de Bauru, no período de janeiro de 2021 a maio de 2025, a fim de otimizar as técnicas e procedimentos implantados.
Material e métodosFoi realizado um estudo retrospectivo e descritivo, com base nos dados registrados pelo sistema RealBlood, no período de janeiro de 2021 a maio de 2025. Foram considerados o número total de doações (21.714), a quantidade de hemocomponentes produzidos (62.618) e os principais motivos de descarte, classificados conforme o tipo de hemocomponente.
ResultadosA análise dos dados revelou o descarte de 24.401 de hemocomponentes, correspondendo a 38,96% do total produzido. Dentre esses, o plasma fresco congelado apresentou a maior taxa de descarte, com 29,18%, sendo a principal causa os ajustes de estoque, mesmo considerando sua validade prolongada. O concentrado de hemácias registrou 1,37% de descarte, principalmente devido à sorologia reagente. A principal causa do descarte do concentrado de plaquetas foi o vencimento, com 7,30%. O crioprecipitado e o sangue total apresentaram as menores taxas de descarte: 0,64% dos crioprecipitados, por controle de qualidade, e 0,47% do sangue total, por volume insuficiente.
Discussão e conclusãoOs dados revelaram que o plasma fresco congelado corresponde à maior parte dos descartes, representando 29,18% do total de 38,96%, principalmente por ajustes de estoque, reflexo da baixa demanda e da necessidade de controle de armazenamento e validade. Esse cenário evidencia a necessidade de estratégias mais eficazes de gestão de estoque e previsão de demanda. O descarte por sorologia reagente em concentrado de hemácias reforça a importância de uma triagem clínica rigorosa, enquanto a curta validade do concentrado de plaquetas exige logística eficiente para garantir seu uso oportuno. Os baixos índices de descarte de crioprecipitado e sangue total apontam conformidade com os protocolos institucionais. Conclui-se que a identificação das causas de descarte constitui uma ferramenta essencial para orientar melhorias nos processos de triagem, produção, armazenamento e distribuição, otimizando o uso dos hemocomponentes e reduzindo perdas nos serviços de hemoterapia.
ReferênciasPortaria n° 158, de 4 de fevereiro de 2016; Cantão NM, Maciel ACE, Garcia MN, et. al. AVALIAÇÃO DAS CAUSAS DE DESCARTE DE HEMOCOMPONENTES PROCESSADOS NO HEMONÚCLEO DO HOSPITAL DE BASE BAURU - FAMESP, no período de junho de 2013 a junho de 2014. Hematology, Transfusion and Cell Therapy, p.246, out 2014; Assato, CM, Cantão, NM, Rodrigues, AT, et. al. Prevalência e Efetividade do Voto de Auto Exclusão (VAE) de doadores de sangue no Banco de Sangue HEMOVIDA de Bauru – SP. Hematology, Transfusion and Cell Therapy, v. 45, p.649-650, out 2023.




