HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosMieloesclerose com metaplasia mieloide é neoplasia mieloproliferativa BCR::ABL1 negativa, caracterizada por fibrose medular, esplenomegalia, trombose, citopenias, hematopoiese extramedular e risco de transformação para leucemia mieloide aguda¹. O diagnóstico envolve avaliação clínica, molecular e anatomopatológica¹. Dada sua gravidade, a análise de sobrevida é fundamental para orientar condutas clínicas e políticas públicas.
ObjetivosEstimar a sobrevida de pacientes com mieloesclerose com metaplasia mieloide no estado de São Paulo.
Material e métodosEste estudo descritivo utilizou dados do Registro Hospitalar de Câncer (RHC) coordenado pela Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP). Foram incluídos pacientes com diagnóstico de mieloesclerose com metaplasia mieloide, registrados entre 2000 e 2024. A sobrevida foi definida do diagnóstico até a última informação disponível, considerando o óbito como evento. A análise foi conduzida no RStudio por meio do método de Kaplan-Meier, com estimativas gerais e estratificadas por sexo e faixa etária.
Discussão e conclusãoA sobrevida mediana foi de 7,17 anos. A sobrevida geral foi de 88,4% no 1° ano (IC95%: 82,9% - 92,2%); 78,3% no 2° (IC95%: 71,5% - 83,7%); 69,2% no 3° e 4° anos; 59,8% no 5°, 52,8% no 6° e 50,5% no 7°. Aos 10 anos, a sobrevida foi de 41,5% (IC95%: 31,1% - 51,5%) e, aos 15 anos, 31,1% (IC95%: 13,8% - 50,3%). Para os estratos por sexo, obteve-se: homens (n = 108): 87,98% (IC95%: 81,82% - 94,60%) após 1 ano, 48,62% (IC95%: 38,48% - 61,43%) em 5 anos, 32,09% (IC95%: 21,99% - 46,85%) em 10 e 15 anos. Mulheres (n = 92): 88,74% (IC95: 82,40% - 95,57%) no 1º ano, 72,09% (IC95%: 62,53% - 83,10%) em 5 anos, 52,14% (IC95%: 37,95% - 71,63%) em 10 anos e 34,76% (IC95%: 14,70% - 82,21%) em 15 anos. Na análise por idade, a queda da sobrevida foi semelhante entre grupos. De 20 a 39 anos (n = 15): 71,43% (IC95%: 51,29% - 99,48%) após 1 ano, 57,14% (IC95%: 36,30% - 89,94%) após 3 anos e 21,43% (IC95%: 4,48% - 100%) após 10 anos. De 40 a 59 anos (n = 47): 93,47% (IC95%: 86,59% - 100%) no 1º ano, 59,61% (IC95%: 44,04% - 80,67%) no 7º e 44,7% (IC95%: 23,53% - 84,92%) em 15 anos. 60 anos ou mais (n = 137): 88,33% (IC95%: 82,94% - 94,07%) no 1º ano, 39,69% (IC95%: 29,28% - 53,82%) no 9º e 14º. A sobrevida mediana de 7,17 anos é compatível com estimativas da literatura, que variam de 3,5 a 10 anos.1 A análise de uma coorte populacional de base hospitalar confere robustez e validade externa aos achados, refletindo o prognóstico da doença na prática clínica real no Brasil. A estratificação por sexo evidenciou maior sobrevida entre mulheres, especialmente após o quinto ano de seguimento — achado relevante que merece investigação adicional. A análise por faixa etária confirmou a idade como fator prognóstico adverso, conforme descrito na mieloesclerose. Entretanto, a estimativa para o grupo mais jovem (20– 39 anos) deve ser interpretada com cautela, devido ao pequeno número de pacientes (n = 15) e ao amplo intervalo de confiança, que reduzem a precisão da estimativa. Este estudo fornece um panorama relevante, gerando dados importantes para o planejamento de políticas de saúde e alocação de recursos.
Referência:
Tefferi A. Clinical manifestations and diagnosis of primary myelofibrosis. In: Post TW, editor. UpToDate. Waltham, MA: UpToDate; 2025 [cited 2025 Aug 11]. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/clinical-manifestations-and-diagnosis-of-primary-myelofibrosis




