HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAs leucemias agudas consistem a neoplasia mais comum na população pediátrica. Embora os avanços no tratamento tenham elevado as taxas de sobrevida global, disparidades significativas ainda persistem com resultados inferiores em países em desenvolvimento, como o Brasil. Essas diferenças podem ser atribuídas a dificuldades no acesso a exames diagnósticos e infraestrutura de suporte hospitalar inadequada. Portanto, a análise do perfil de pacientes com leucemia em centros de tratamento regionais, como o sul da Bahia, se torna fundamental para compreender os fatores associados aos desfechos para estabelecimento de estratégias no cuidado em saúde.
ObjetivosAnalisar o perfil demográfico, clínico e laboratorial de pacientes pediátricos diagnosticados com leucemias agudas (Leucemia Linfoide Aguda B e T, e Leucemia Mieloide Aguda) em um centro de referência no sul da Bahia e correlacionar estes dados com o desfecho clínico (óbito ou em tratamento).
Material e métodosFoi realizado um estudo de corte transversal com análise de dados do prontuário, sendo incluídos 14 pacientes com diagnóstico de leucemias agudas (LLA-B, LLA-T e LMA), atendidos no serviço de onco-hematologia da Santa Casa de Misericórdia de Itabuna-BA, no período de julho de 2024 a junho de 2025. Foram obtidos dados demográficos e clínico- laboratoriais do diagnóstico do prontuário. Este trabalho teve aprovação do comitê de ética e pesquisa em seres humanos (CAAE: 47456221.0.0000.5526). Para as análises estatísticas foi utilizado o programa SPSS versão 20.0, sendo considerado significante valores de p<0,005.
ResultadosApós análises tivemos 14 pacientes com predomínio do sexo masculino (64,3%) e idade média de 7 anos. Do total, 3 pacientes (21,4%) evoluíram para óbito. A análise estatística revelou que a distribuição entre os sexos foi significativamente diferente entre os grupos de desfecho (p=0,012), com o grupo óbito sendo composto exclusivamente por pacientes do sexo feminino. A contagem de leucócitos também apresentou associação estatisticamente significante com o desfecho (p=0,010). Embora o grupo óbito tenha apresentado concentrações médias de LDH mais elevadas (4613 U/L[óbito] vs. 1350 U/L [tratamento]) e contagem de plaquetas mais baixas (34.000 mm3 [óbito] vs. 75.473 mm3 [tratamento]), essa associação não teve diferença significativa.
Discussão e conclusãoDe acordo com a literatura as leucemias são mais prevalentes em indivíduos do sexo masculino, o que pode ser explicado pelo número amostral reduzido neste estudo. Contagens acima de 50.000 mm3 foram decisivamente relacionadas ao óbito (p = 0,005), o que corrobora com dados da literatura demonstrando que o aumento do leucócito é indicativo de maior inflamação e proliferação celular com apresentação dos sintomas clínicos observados na leucemia. Em contraste, nenhum paciente do grupo “em tratamento” teve contagem superior a 20.000 mm3, significando que o protocolo terapêutico aplicado estava atingido seu propósito. Estes achados reforçam a importância da análise de parâmetros clínico-laboratoriais acessíveis como ferramentas valiosas para a estratificação de risco inicial e para a identificação de pacientes com maior vulnerabilidade em leucemias agudas com proposição de estratégias mais adequadas no cuidado à saúde.




