HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA infecção pelo Vírus da imunodeficiência humana (HIV) acomete cerca de 37 milhões de pessoas no mundo. A Síndrome da Imunodeficiência humana Adquirida (AIDS) apresenta alta morbidade e mortalidade, agravada por disfunções hematológicas graves, como alterações plaquetárias. Essas alterações morfológicas e funcionais podem ser detectadas por marcadores como MPV (Volume Plaquetário Médio) e PDW (amplitude da distribuição plaquetária). Essas anormalidades influenciam a evolução clínica e o prognóstico dos pacientes, justificando a necessidade de estudos que correlacionem plaquetas, citocinas inflamatórias e desfecho clínico (alta ou óbito) em pessoas vivendo com HIV.
ObjetivosAvaliar por citometria de fluxo alterações plaquetárias como marcadores prognósticos em pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA) atendidas no pronto atendimento da Fundação de Medicina tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMTHVD).
Material e métodosEstudo prospectivo com 44 PVHA internados para apontar alterações plaquetárias como marcadores de desfecho clínico, sendo realizado na FMTHVD, aprovado pelo Comitê de Ética (CAAE). Todos assinaram o TCLE. Os pacientes foram classificados conforme uso de TARV, com coletas realizadas em até 24 horas da admissão (D0) e acompanhados até o desfecho (alta ou óbito) com coletas sucessivas nos dias D3 e D7.
ResultadosA idade não se correlacionou com o desfecho fatal; a média e o desvio padrão foi maior no grupo de alta. A ativação plaquetária, avaliada por PDW e MPV, esteve relacionada à patogênese do HIV, embora apenas o MPV tenha apresentado redução significativa em ambos os grupos. Na análise das variáveis plaquetárias (PLT), Carga Viral (CV), expressão do fator tecidual plaquetário (CD142) e citocinas inflamatórias, observou-se que, no grupo de alta, a CV correlacionou-se negativamente com IL-6 e IL-17A, enquanto PLT apresentou correlações positivas com IL-4 e IL-10, sugerindo um perfil anti-inflamatório associado a desfechos favoráveis. Além disso, CD142 correlacionou-se positivamente com PLT e negativamente com IL-10, indicando modulação da resposta inflamatória. Em contraste, no grupo de óbito, a CV destacou-se como central, com correlações positivas com IL-6 (pró-inflamatória) e IL-10 (regulatória), refletindo hiperinflamação. PLT exibiu conexões robustas com CD142 e IL-10, enquanto CD142 interagiu com IL-6, reforçando seu papel na desregulação imunológica. Esses achados indicam perfis distintos: no grupo de alta, predominou um equilíbrio inflamatório mediado por citocinas anti- inflamatórias e possível efeito protetor das plaquetas; no grupo de óbito, houve ativação plaquetária exacerbada e resposta inflamatória descontrolada. Os resultados sugerem que a CV, em sinergia com a atividade plaquetária e a dinâmica das citocinas, é determinante no prognóstico, apontando CD142 e as plaquetas como potenciais alvos terapêuticos. Estratégias para controle da CV e modulação da resposta inflamatória, especialmente visando a ativação plaquetária e a expressão de CD142, podem melhorar os desfechos. Estudos futuros devem investigar intervenções específicas para atenuar a hiperinflamação em pacientes com risco de evolução fatal.
Discussão e ConclusãoEmbora não tenham sido observados estatísticas globais em IL-10 e IL-6, o perfil inflamatório mais acentuado no grupo de óbito reforça a necessidade de futuras investigações sobre esses marcadores como preditores prognósticos em PVHA.




