HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA Síndrome Antifosfolípide gestacional (SAF) é uma trombofilia adquirida e rara, caracterizada pela presença morbidade fetal e de pelo menos um anticorpos antifosfolípides: Anticoagulante Lúpico (LAC), Anticardiolipina (ACA) ou anti-β2 Glicoproteína I (aβ2GP1), que ativam células e induzem inflamação, resultando em um estado pró-trombótico e pró-inflamatório. Dessa forma, pacientes portadoras de SAF podem apresentar complicações gestacionais importantes que englobam um vasto leque de complicações relacionadas ao binômio materno-fetal ao longo da gestação.
ObjetivosO objetivo deste estudo é avaliar os tratamentos de anticoagulação durante a gestantes portadoras de SAF, tendo em vista que a terapia é fundamental para melhorar os desfechos da gravidez.
Material e métodosFoi realizada uma revisão sistemática com evidências científicas coletadas em 05 de agosto de 2025, utilizando os bancos de dados MEDLINE, PubMed e LILACS. Os descritores utilizados foram “anticoagulants”, “antiphospholipid syndrome” and “pregnancy”, combinados pelo operador booleano AND. Os critérios de inclusão foram: artigos disponíveis online, publicados em português e inglês nos últimos 5 anos. Foram excluídos artigos não relacionados ao tema e literatura cinzenta. Foram encontrados 101 artigos originais, dos quais 37 foram pré-selecionados, e após leitura detalhada, 5 atenderam aos critérios estabelecidos.
Discussão e ConclusãoA tromboprofilaxia primária geralmente não é recomendada para pacientes com anticorpos positivos para SAF sem histórico de trombose e sem resultados adversos na gravidez. Nessas pacientes, que apresentam situações de alto risco, como cirurgia, imobilização prolongada, puerpério e outros adventos como histórico de perda fetal no primeiro trimestre devem fazer uso de Ácido Acetilsalicílico (AAS) 81 a 100 mg/dia iniciados antes das 16ª semanas de gestação, sendo possível a associação com Heparina de Baixo Peso Molecular (HBPM) profilático, como a enoxaparina 40 mg subcutânea uma vez ao dia. Em casos com histórico anterior de complicações mediadas pela placenta ou pacientes positivas recorrentes para os três tipos de anticorpos (LAC, ACA e aβ2GP1), recomenda-se também com AAS com HBPM profilático. Pacientes com SAF com eventos trombóticos recomenda-se AAS e dose intermediária ou dose plena de HBPM. Devido à teratogenicidade de varfarina, não é aconselhado o seu uso durante a gestação. Além disso, as opções de Anticoagulantes Orais de Ação Direta (DOACs) não são também prescritos, pois não há dados suficientes para julgar a segurança da medicação durante a gravidez. Diante do que foi analisado, é possível observar que é necessário avaliar o histórico da paciente grávida portadora de SAF a fim de terminar com exatidão qual direcionamento do tratamento será seguido. Dessa forma, é imprescindível realizar um bom acompanhamento da paciente antes mesmo da concepção, se possível, para que assim o profissional de saúde possa tomar a melhor conduta para visar o bem-estar da paciente e da gestação. Além disso, é importante destacar que há necessidade de pesquisas sobre o uso dos DOACs nessa população tendo em vista que falta literatura acerca disso. Tendo em vista a gravidade e potencial de complicações relacionadas à patologia, observa-se uma carência de literatura e informações consistentes baseadas em evidências para um manejo adequado e seguro dos casos, principalmente quando a sua profilaxia.




