HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA leucemia mieloide aguda (LMA) é uma neoplasia hematológica agressiva que requer tratamento quimioterápico intensivo. Frequentemente, cursa com períodos prolongados de neutropenia, o que torna os pacientes particularmente vulneráveis a infecções oportunistas. Dentre essas, destaca-se a mucormicose, uma infecção fúngica invasiva, de progressão rápida e elevada taxa de mortalidade, com desfecho desfavorável na maioria dos casos. O presente relato descreve o caso de uma paciente com LMA, que desenvolveu mucormicose invasiva durante a fase de neutropenia induzida por quimioterapia, e que obteve resolução completa da infecção e remissão da neoplasia após uma abordagem terapêutica integrada e multidisciplinar. O relato de caso foi baseado na análise documental do prontuário médico, com coleta de dados clínicos e laboratoriais referentes ao período de internação, do dia 14 de novembro de 2024 até 29 de maio de 2025.
Descrição do casoPaciente do sexo feminino, 52 anos, natural de Macaé, Rio de Janeiro, foi admitida no HEMORIO em novembro de 2024 com diagnóstico de leucemia mieloide aguda (LMA), com mutação no gene NPM1. Durante o protocolo quimioterápico de indução, evoluiu com neutropenia grave e apresentou quadro clínico sugestivo de mucormicose em cavidade nasal com extensão para o palato. Diante da gravidade clínica e da rápida progressão da infecção, foi instituída intervenção terapêutica multidisciplinar precoce, mesmo sem confirmação anatomopatológica inicial. Iniciou-se tratamento antifúngico empírico com anfotericina B, associado à abordagem cirúrgica agressiva, incluindo maxilectomia de infra e mesoestrutura, etmoidectomia por acesso endoscópico nasal e reconstrução com prótese maleável de marlex. O diagnóstico de mucormicose foi confirmado posteriormente por exame anatomopatológico, o que permitiu a introdução do isavuconazol. Com evolução clínica favorável, a paciente foi encaminhada para a fase de consolidação do tratamento, sendo submetida a três ciclos de quimioterapia com HIDAC, atingindo remissão completa.
ConclusãoA literatura evidencia que pacientes com LMA associada a mucormicose enfrentam uma mortalidade extremamente elevada, podendo ultrapassar 60–75%, sobretudo em casos de atraso no início do tratamento antifúngico.Diante deste cenário, este caso destaca a relevância do diagnóstico clínico precoce da mucormicose em pacientes neutropênicos, antes mesmo da confirmação histopatológica. A rápida atuação da equipe multidisciplinar, composta por hematologia, infectologia, otorrinolaringologia, fonoaudiologia, nutrição e psicologia,foi determinante para o sucesso terapêutico.O presente relato evidencia a complexidade do manejo da leucemia mieloide aguda associada à mucormicose, ressaltando a importância da suspeição clínica precoce, do início imediato da terapia antifúngica empírica e da abordagem cirúrgica agressiva. A atuação coordenada de uma equipe multidisciplinar foi determinante para o desfecho favorável, resultando em remissão completa da paciente, mesmo diante de uma condição associada à alta letalidade.




