Compartilhar
Informação da revista
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
CLÁSSICAID – 2298
Acesso de texto completo
A DOAÇÃO DE SANGUE ENTRE ADOLESCENTES BRASILEIROS: UM ESTUDO MULTICENTRICO SOBRE INAPTIDÃO CLÍNICA, EVENTOS ADVERSOS, RISCO INFECCIOSO E POTENCIAL PARA CAPTAÇÃO DE NOVOS DOADORES
Visitas
23
MAF de Cerqueiraa, G Diasb, EU Capitanib, E Gorgesb, LFF Dalmazzoc, F AKILb
a Grupo Gestor de Serviços de Hemoterapia, Teresina, PI, Brasil
b Grupo Gestor de Serviços de Hemoterapia, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
c Grupo Gestor de Serviços de Hemoterapia, São Paulo, SP, Brasil
Este item recebeu
Informação do artigo
Suplemento especial
Este artigo faz parte de:
Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

Mais dados
Introdução

A adolescência é definida como o período compreendido entre 13 e 18 anos, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente. A partir de 2011, o Ministério da Saúde brasileiro regulamentou a doação de sangue realizada a partir de 16 anos, com consentimento formal do responsável legal.

Objetivos

Analisar o perfil de doação de sangue entre adolescentes brasileiros em serviço privado de hemoterapia, com ênfase nas taxas de inaptidão, eventos adversos relacionados ao procedimento, risco de transmissão de doenças infecciosas e potencial de aumento na captação de novos doadores.

Material e Métodos

Consulta direto aos registros informatizados de serviço privado de hemoterapia entre 12 Bancos de Sangue, localizados em São Paulo (04), Rio de Janeiro (04), Bahia (01), Pernambuco (01), Piauí (01) e Distrito Federal (01) durante o ano de 2024. Foram avaliados dados epidemiológicos, percentual de inaptidão, percentual de sorologias não-negativas e intercorrências relacionadas à doação.

Resultados

Durante o período avaliado, foram realizadas 213.351 doações de sangue nas unidades participantes do estudo. Desse total, 1.144 foram provenientes de menores de 18 anos (0,5% do total). No Piauí, verificou-se a maior média proporcional de doadores adolescentes em relação ao total de coletas efetivadas (1,4%). O percentual de inaptidão entre adolescentes durante triagem clínica foi de 8,6% havendo 3,3 vezes mais chances de inaptidão do que em outras faixas etárias (95% IC 2,69–4,01, p < 0,01). Entre 5,8% dos menores doadores de sangue, houve intercorrências imediatas relacionadas ao procedimento, onde sintomas vasovagais foram os mais comuns. Em 62% dos eventos adversos observados, houve acometimento do sexo feminino. Quando comparados aos doadores de sangue de outras faixas etárias, os adolescentes tiveram 2,78 mais chances de intercorrências (95% IC 2,16–3,57, p < 0,01). Do total de doações concluídas por menores de idade, oito bolsas foram descartadas por alterações sorológicas. Em 30,1% das doações realizadas nessa faixa etária, o comparecimento foi espontâneo enquanto 38,5% vieram devido campanhas de reposição.

Discussão e Conclusão

Com o envelhecimento populacional, é necessário sensibilização contínua de novos doadores para que exista autossuficiência nos serviços de hemoterapia. Dados de 2021 apontam que 4% das doações de sangue realizadas nos Estados Unidos foram feitas por adolescentes. Apesar de ser um procedimento seguro, a literatura descreve maior risco de reações imediatas e deficiência de ferro entre doadores dessa faixa etária. Antes da primeira doação, pesquisas apontam que parte dos adolescentes refere diferentes tipos de medo antecipatório à coleta (agulhas, visualização do sangue, dor) o que pode contribuir para a ocorrência de reações vasovagais e reduzir a possibilidade de fidelização do doador aos postos de coleta de sangue. Mesmo com esses riscos, a baixa prevalência de infecções transmissíveis por transfusão e o alto grau de motivação altruísta tornam o público adolescente como desejável para recrutamento.

Conclusão

O estudo sugere que há potencial de ampliação do número de doações de sangue por adolescentes brasileiros, ainda abaixo da média internacional. A população avaliada apresentou baixo índice de alterações sorológicas. Entretanto, houve risco aumentado de inaptidão clínica e eventos adversos, o que aponta a necessidade de estratégias preventivas para mitigar tais ocorrências, proporcionando uma experiência positiva que favoreça a adesão destes jovens para futuras doações.

O texto completo está disponível em PDF
Baixar PDF
Idiomas
Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Opções de artigo
Ferramentas