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Informação da revista
Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S1178 (outubro 2024)
Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S1178 (outubro 2024)
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VIVÊNCIA ESCOLAR DA CRIANÇA COM HEMOFILIA
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ACAG Silva, SV Antunes, EBS Maia, CMS Pinto, CA Ribeiro
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil
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Este artigo faz parte de:
Vol. 46. Núm S4

HEMO 2024

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Objetivo

Compreender o significado atribuído pela criança com hemofilia (cch) à sua vivência escolar.

Método

Estudo de abordagem qualitativa, sendo o Interacionismo Simbólico o referencial teórico e a Teoria Fundamentada nos Dados, o metodológico. Incluídos sete meninos com hemofilia, idade entre 6-12 anos, acompanhados em serviço de referência, selecionados por amostra de conveniência. Dados foram coletados em sessões de Brinquedo Terapêutico Dramático (BTD) realizadas a partir do questionamento: vamos brincar de uma cch que está na escola? e por observação participante no ambiente escolar de três delas. BTD é um brincar estruturado, auxilia na redução da ansiedade gerada por experiências atípicas à idade e é um recurso de comunicação para dar voz à criança. As sessões foram filmadas e transcritas na íntegra, para posterior análise dos dados.

Resultados

A análise dos dados revelou o prazer da cch em estar na escola e perceber-se incluída em todas as atividades lúdicas e educacionais propostas pelos diferentes atores sociais desse ambiente. Refere gostar muito de ir à escola e realizar todas as atividades, principalmente, as das aulas de Educação Física (EF). Considera ser “normal”ter hemofilia e estar na escola, porém ressente-se quando não lhe é permitido participar das aulas de EF, fato vivenciado mesmo tendo declaração médica de aptidão. Destaca-se, também, a percepção referente à estrutura física e a dificuldade de acesso nas escadas. Outro aspecto observado nos dados é o quanto o menino com hemofilia percebe-se interagindo “numa boa”com os colegas na escola, reconhecendo não sofrer interferência da condição de ter hemofilia no cotidiano escolar e convivendo em harmonia com eles. Para embasar essa condição de tranquilidade e normalidade, os dados mostram que a criança reconhece a importância da profilaxia com o Concentrado do Fator de Coagulação e como essa profilaxia é garantia de segurança e liberdade na escola. Apesar disso, desvelam que ela está sempre preocupada com sua integridade física, com a possibilidade de machucar-se na escola, sofrendo traumas e interrompendo suas atividades, levando-a a manter-se alerta e atenta, dentro do ambiente escolar, para que tal fato não ocorra.

Discussão

Os dados revelados permitem-nos refletir sobre o quanto as escolas estão despreparadas para lidar com questões relacionadas à saúde da criança com doença crônica, como a hemofilia pois, mesmo com o laudo favorável elas correm o risco de não poderem participar de atividades físicas. Ressalta-se a importância do contato entre a escola e os serviços de saúde, reforçando a necessidade destes últimos aprimorarem essa interação, ponderando sobre os seguintes questionamentos: Estamos sendo ineficientes junto à escola? Que fazer a respeito, quando não conseguimos a integração da cch? Como é para a escola receber uma cch? Qual o papel da equipe multidisciplinar e dos centros de hemofilia junto às escolas?

Conclusão

O BTD mostrou-se importante intervenção de comunicação, possibilitando compreender o prazer e importância da cch estar na escola e as lacunas de integração entre esta e os serviços de saúde, que precisam ser sanadas, para que ela possa viver a plenitude da infância.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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