
A sífilis é uma infecção sistêmica causada pelo Treponema pallidum, cuja transmissão pode ser através do sangue. Para eliminar esta possibilidade, se utiliza testes sensíveis e específicos na triagem sorológica dos doadores. Os testes utilizados são usualmente os treponêmicos ou os não treponêmicos. No IHEBE foi utilizado, em períodos distintos, os dois tipos de testes: não treponêmico, por método floculação, e o treponêmico, por método quimioluminescência.
ObjetivoVerificar o impacto de descarte sorológico de bolsas de sangue e componentes por metodologias distintas.
Material e métodosLevantamento retrospectivo de dados estatísticos no período de janeiro de 2016 a julho de 2021. No período de 2016 a janeiro de 2020 foi realizado teste não treponêmico (floculação-VDRL) e de fevereiro de 2020 a julho de 2021 teste treponêmico (quimioluminescência). Os dados foram obtidos através dos índices de controles mensais por marcador sorológico.
ResultadosDescarte sorológico por Sífilis teste não treponêmico, método floculação-VDRL nos anos: 2016 foi de 0,7% (n = 7.486 doadores), 2017 foi de 1% (n = 7.722 doadores), 2018 foi de 0,9% (n = 8.731 doadores), 2019 foi de 0,9% (n = 12.460 doadores), janeiro de 2020 foi de 0,9% (n = 1.221 doadores). Descarte sorológico por Sífilis teste treponêmico, método quimioluminescência no período de fevereiro a dezembro de 2020 foi de 2,7% (n = 12.662 doadores) e de janeiro a julho de 2021 foi de 2,71% (n = 8.732 doadores).
DiscussãoOs testes não treponêmicos são realizados pela metodologia de floculação. Os resultados, quando positivos, são liberados na forma clássica de títulos. Os resultados falso-positivos são as principais desvantagens deste teste, que podem acontecer devido à reação cruzada com outras infecções, gravidez, doenças autoimunes e uso de drogas ilícitas. Resultados falso-negativos podem ocorrer em casos de infecção muito precoce ou tardia. Os testes treponêmicos detectam anticorpos específicos que podem permanecer positivos por toda a vida. Observou-se que em virtude da especificidade do método, o aumento do descarte sorológico por Sífilis era esperado. Isso fez com que o IHEBE, no momento do planejamento para mudança de teste, estabelecesse um aumento da meta de comparecimento e coleta/dia; logo, novas estratégias na captação foram implementadas para garantia e segurança no atendimento aos pacientes. Em virtude deste aumento, o número de doadores inaptos em investigação também se elevou, e o consultório de atendimento aos inaptos precisou rever seus procedimentos operacionais padrão – POP.
ConclusãoApós análise, observou-se incremento considerável de descarte por sífilis com a mudança de metodologia. Apesar da boa sensibilidade do teste não treponêmico e de seu baixo custo, optou-se pela mudança para o teste treponêmico devido a especificidade. Quando o Instituto decidiu que estava no momento de automatizar a pesquisa para Sífilis, fez-se necessário uma reunião de planejamento envolvendo os setores de captação, coleta, e liberação para elaboração de um plano de ação visando minimizar os impactos previsíveis da mudança de metodologia.