
A manutenção da temperatura de transporte das plaquetas é um dos maiores desafios no transporte em hemoterapia. A temperatura de 20°‒24°C deve ser mantida durante o transporte, sendo um dificultador especialmente em locais com alta amplitude térmica no ano, como ocorre em SC. Neste contexto, os transportes no inverno são ainda mais desafiadores, pela dificuldade de manter a temperatura acima dos 20°C. Para minimizar estes impactos, validamos caixa de transporte com gelo PCM, com placas que mantém a temperatura entre 15° a 25°C e revestimento em VIP (Vacuum Insulated Panel) para determinar o desempenho destes materiais combinados numa caixa de transporte.
Materias e métodosA caixa com gelo PCM foi comparada com uma caixa térmica com revestimento em poliuretano. Para aferição das temperaturas, utilizado dataloggers: um logger dentro de cada caixa e um logger fora de cada caixa, aderida na sua superfície (temperatura externa ambiente). No total foram oito simulações, com diferentes ambientes: uma com temperatura ambiente entre 20° a 24°C, três com temperatura ambiente acima de 30°C (caixas foram deixadas em local externo expostas ao sol) e quatro com temperatura abaixo de 20°C (duas em salas ambiente em torno de 16°C e duas em temperatura de refrigeração (em câmara de conservação de 2° a 6°C/2 a 8°C). O tempo de exposição variou entre 07 horas e 45 minutos a 22 horas e trinta minutos, simulando os transportes realizados na hemorrede de SC. Após o tempo de exposição as caixas foram retiradas do local de simulação, realizado a leitura dos dataloggers e tabulado os dados obtidos em tabela.
ResultadosApós a realização de todas as simulações, foram obtidos os seguintes resultados: Entre 20° a 24°C: não houve diferença entre as caixas. Acima de 24°C (ambiente acima de 30°C e expostas diretamente ao sol): na caixa com poliuretano houve desvio durante todo o transporte, com temperatura interna chegando a 41,5°C. Na caixa com gelo PCM, a temperatura interna se manteve abaixo de 24°C por um período médio de 6 horas, após este período com aumento gradativo de temperatura (chegando a 25,5° ao final das simulações); Abaixo de 20°C, as simulações foram divididas em duas etapas: Temperatura em torno de 16°C, a caixa com poliuretano levou 30 min para desviar a temperatura abaixo de 20°C a caixa com PCM manteve a temperatura acima de 20°C por 11hs. Temperatura em torno de 4°C: a caixa em poliuretano levou 30 min para desviar a temperatura abaixo de 20°C, chegando a 4,5° em seu interior. Na caixa com PCM, a temperatura se manteve acima de 20°C por 5hs, após isso, com decréscimo gradativo de temperatura, chegando a 13,5°C em seu interior.
DiscussãoAtravés das comparações, foi possível demonstrar que a estabilidade térmica da caixa com PCM foi muito superior à caixa em poliuretano. Em condições extremas (ambiente a 4°C), a caixa manteve a temperatura interna por 5 horas dentro do limite estabelecido.
ConclusãoOs resultados obtidos demonstraram que a caixa com PCM confere maior estabilidade térmica nos transportes de plaquetas. Considerando que as simulações ocorreram em situações adversas (ambiente 4°C/30°), temperaturas encontradas em momentos específicos do ano, pode-se afirmar que com seu uso, desvios de temperatura serão evitados e em situações extremas, seu impacto será minimizado.