
Avaliar perfil, comorbidades, evolução, transfusão alogênica e desfecho de pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio em hospital da rede privada, localizado no bairro de Cascadura/RJ.
Material e métodosRealizado estudo observacional descritivo, com levantamento de dados em prontuário de 42 pacientes submetidos a cirurgia de revascularização do miocárdio entre janeiro de 2020 e junho de 2023, com utilização de recuperação intraoperatória de sangue homólogo pela XTRA/SORIN. O critério para transfusão de concentrado de hemácias foi de hemoglobina abaixo de 8‒9 g/dL quando houve instabilidade hemodinâmica. O número de unidades de plasma, plaquetas e crioprecipitados usados não foram analisados, por não ser o objetivo do estudo. Um hemograma foi obtido antes da cirurgia, na chegada do paciente a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), no 5º dia após e no dia da alta hospitalar. O Volume Globular (VG) e Hb foram tabelados, assim como o volume de sangue aspirado, o volume de sangue infundido, o número de CH transfundidos. O levantamento dos dados foi realizado através do Sistema Realblood e do prontuário eletrônico da unidade hospitalar (WPD). A análise dos resultados foi realizada pela estatística descritiva, e os dados foram trabalhados em planilhas do software Microsoft Excel.
ResultadosQuanto à prevalência, 36 (85,71%) eram do sexo masculino com idade média de 59,08 anos e peso médio de 72,14 kg, e 6(14,29%) do sexo feminino com idade média de 64,33 anos e peso médio de 67,65 kg. As comorbidades mais encontradas foram: hipertensão arterial (97,62%), doença arterial coronariana (80,95%) sendo 76,47% com infarto prévio, dislipidemia (66,67%), diabetes mellitus (64,29%) e tabagismo (45,83%); 26 pacientes (66,67%) utilizavam antiagregante plaquetário à época da cirurgia. O tempo médio de internação foi de 26,78 dias com média de 15,40 dias de hospitalização após a cirurgia. Quanto à média dos índices hematimétricos: 1) Antes da cirurgia: hemoglobina=12,2 g/dL; 2) No pós-operatório imediato: hemoglobina=11,4 g/dL; 3) No quinto dia de pós-operatório: hemoglobina=10,73 g/dL; 4) Na alta: hemoglobina=10,59 g/dL. A média de sangue recuperado foi em média 1,12 unidade de concentrado de hemácias por procedimento. Durante a cirurgia somente 4,76% teve sangramento importante. Quanto à transfusão alogênica: 9 pacientes (21,43%) foram transfundidos com concentrado de hemácia durante a cirurgia e 5 (11,90%) necessitaram de transfusão no pós-operatório. Três pacientes (7,14%) tiveram que ser reabordados por sangramento e 1 (2,38%) evoluiu para o óbito. No pós-operatório as intercorrências mais observadas foram: fibrilação atrial (19,04%), pneumonia (14,28%), arritmias (9,52%) e sepse (9,52%).
DiscussãoEm média, um terço do sangue recuperado foi infundido beneficiando os pacientes deste estudo. O objetivo maior da recuperação intraoperatória se sangue é diminuir a utilização de concentrado de hemácias nos pacientes, diminuindo as reações inflamatórias e a morbimortalidade, não havendo contraindicação nem complicações observadas pelo uso do método.
ConclusãoA recuperação intraoperatória de sangue pode ser usado nos pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio, não havendo contraindicação nem morbilidade decorrente do seu uso.