
O sangue é um recurso precioso e insubstituível. No contexto transfusional, seu uso racional se torna crucial para salvar vidas e otimizar recursos. Objetivo: Analisar os padrões de consumo de sangue por tipo sanguíneo, identificando tendências e áreas de potencial otimização. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, realizado em um serviço de hemoterapia de Sergipe, no período de maio a dezembro de 2023. Mensalmente é calculado o quantitativo de concentrado de hemácias (CH) transfundidos por tipo sanguíneo e realizada a média de consumo para o ano. Em 2023 observou-se que o maior consumo foi de O+ totalizando 2.241 com uma média de 9,3 de uso diário, seguido de A+ com um total de 1.537 e uma média diária de uso de 6,4. O tipo sanguíneo com menos uso foi o AB- com um total de 22 e consumo diário de 0,1. A partir da média de uso mensal é realizada uma projeção de estoque crítico (valor da média ×2 dias), estoque mínimo (valor da média ×3 dias), estoque adequado (valor da média ×7 dias) e estoque seguro (valor da média ×10 dias), possibilitando uma previsão mais assertiva do consumo de CH por tipo sanguíneo, norteando estratégias de captação, bem como de bloqueio de entrada de tipos sanguíneos específicos com baixo uso para evitar expurgos de CH por validade. Deste modo, é possível garantir a manutenção segura do estoque, além de contribuir para a tomada de decisão estratégica em relação ao uso racional do sangue. No período do estudo, dos 9.180 (100%) CH produzidos, 86 (0,93%) foram descartados por validade, gerando um prejuízo de R$59,85 por bolsa (totalizando R$5.147,10) no resultado financeiro do serviço de hemoterapia. Além disso, o sangue de um doador é muito precioso para ser descartado e medidas precisam ser implementadas para minimizar as chances de ocorrência de expurgo. Ao analisar os dados de produção hemoterápica no Brasil (ANVISA, 2024), percebeu-se que, dos 2.301.846 (100%) CH produzidos, 128.984 (5,6%) foram descartados por validade. Estes dados demonstram que o percentual de descarte no cenário do estudo está abaixo da média nacional e que as ações para minimizar expurgos estão sendo efetivas. O uso racional do sangue é um compromisso ético e social de todos os profissionais da saúde. Através da implementação de medidas de otimização, é possível salvar vidas, reduzir custos e garantir a disponibilidade de sangue para todos que necessitam. Conclusão: A implementação de um sistema de gestão de estoque baseado na média de consumo mensal por tipo sanguíneo, com projeções de estoque crítico, mínimo, adequado e seguro, permitiu reduzir o descarte de sangue por validade no serviço de hemoterapia. O cálculo de estoque estratégico demonstrou a importância da análise dos padrões de consumo de sangue por tipo sanguíneo para a gestão eficiente do estoque e o uso racional do recurso.