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Vol. 45. Núm. S4.
HEMO 2023
Páginas S912-S913 (Outubro 2023)
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USO DE MATRIZ DE GELATINA PARA HEMOSTASIA LOCAL PÓS-EXODONTIA EM PACIENTE PORTADOR DE TROMBASTENIA DE GLANZSMANN
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LYDS Cerqueira, MPSM Peres, LAVS Junior
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), São Paulo, SP, Brasil
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Introdução

A trombastenia de Glanzmann (TG) é um distúrbio hemorrágico hereditário autossômico recessivo muito raro, com incidência de um por 1.000.000, caracterizado pelo defeito de agregação plaquetária, cursando com diminuição ou ausência da retração do coágulo. Os distúrbios hemostáticos são ocasionados pelo defeito de glicoproteína IIb-IIIa, receptor do fibrinogênio. O quadro clínico é variável, sendo o tipo I mais comum, representando 78% dos pacientes e tipo II e III constituindo cerca de 14% e 8% dos casos, respectivamente. Epistaxe, sangramento gengival, púrpura e menorragia são manifestações típicas da TG. O sangramento não tratado ou tratado de maneira incorreta pode ser fatal. Soluções para enfrentar os desafios da hemostasia intra e pós-operatória foram desenvolvidas ao longo dos séculos. Na década de 1940, houve a produção em larga escala de trombinas bovina e humana concentradas, porém, foi observado que a aplicação de trombina na ausência de uma matriz rapidamente instabilizava o coágulo. Dentre os diversos métodos hemostáticos atuais, a solução de matriz de gelatina FloSeal® é uma combinação patenteada de trombina bovina e partículas derivadas de colágeno especialmente projetadas. A trombina, responsável pela conversão do fibrinogênio em fibrina, é essencial para a formação do coágulo sanguíneo. É utilizado para controlar o sangramento em procedimentos cirúrgicos onde os métodos convencionais de hemostasia se mostram ineficientes.

Métodos e resultados

Paciente do sexo feminino, portadora de TG tipo I, foi encaminhada à Divisão de Odontologia do HC-FMUSP queixando-se de dores dentárias. O exame clínico evidenciou dentição parcial superior e inferior, e extensa doença periodontal, cursando com mobilidade grau III em todos os dentes presentes, além de sangramento periodontal espontâneo. O plano de tratamento proposto foi realizar exodontia dos dentes remanescentes, com reposição plaquetária prévia ao procedimento. Foram realizadas exodontia dos dentes 14, 15 e 16, e FloSeal® foi utilizado como método hemostático local intra-alveolar, seguido de suturas simples seriadas com fio nylon 3-0 e curativo com comprimidos macerados de ácido tranexâmico com solução salina. A paciente não apresentou sangramentos ativos nas avaliações realizadas em 48 horas e 7 dias após o procedimento cirúrgico.

Discussão

O relato de caso apresentado mostrou que FloSeal® é eficaz para reduzir o sangramento pós exodontia em pacientes com distúrbio de coagulação. Não há relatado na literatura casos de desenvolvimento de anticorpos contra trombina secundários ao uso de FloSeal®, além de que a matriz de gelatina proporciona uma alternativa hemostática segura e com grande índice de sucesso frente à outras opções hemostáticas. Custos de concentrados de fator de coagulação recombinante e derivados de plasma são muito mais caros do que o uso de FloSeal®, o que demonstra que o sucesso e eficácia da hemostasia local com a matriz de gelatina pode evitar o uso de hemoderivados pós exodontia.

Conclusão

A redução de sangramento pós-operatório demonstrou que FloSeal® oferece uma alternativa hemostática segura para pacientes com defeitos da coagulação sanguínea. O uso da matriz FloSeal® pode ser útil para evitar o uso de fator VII ou transfusão de plaquetas, reduzindo o risco de formação de inibidores e reação transfusional. São necessários estudos de farmacoeconomia para averiguar a custo-efetividade do método comparado aos utilizados na prática clínica até o momento.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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