HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA troca plasmática terapêutica é uma modalidade de purificação sanguínea utilizada no tratamento de diversas doenças neurológicas autoimunes e inflamatórias. Por meio da remoção de anticorpos, complexos imunes e outras substâncias patológicas circulantes, esse procedimento pode modular a resposta imune e melhorar significativamente o quadro clínico de pacientes com condições como síndrome de Guillain-Barré, miastenia grave, encefalites autoimunes, entre outras. Seu uso tem se consolidado como uma intervenção eficaz, principalmente em situações agudas e refratárias ao tratamento convencional.
ObjetivosAvaliar o perfil epidemiológico, indicações e resposta ao tratamento dos pacientes submetidos à troca plasmática terapêutica com diagnóstico de doenças neurológicas.
Material e métodosEstudo retrospectivo observacional, que avaliou 13 pacientes consecutivos submetidos à troca plasmática terapêutica no Hospital Municipal Doutor Arthur Ribeiro de Saboya de Janeiro 2024 a Julho 2025. Todos os procedimentos foram realizados UTI, com acesso central e na máquina de Plasmaférese da Haemonetics MCS® por profissional devidamente capacitado e treinado do serviço de Hemoterapia da COLSAN.
Discussão e conclusãoDos 13 pacientes avaliados, 10 eram do sexo feminino e três do sexo masculino, a média de idade foi de 45 anos, o diagnóstico mais frequente foi de Mielite Transversa com 46% dos casos, seguida de encefalite anti-NMDA com 30% dos casos. A principal indicação do procedimento foi por falha terapêutica ao tratamento convencional e 54% dos pacientes estavam classificados como categoria I pela ASFA. A albumina foi o fluido de reposição utilizado em 100% dos procedimentos e a troca foi sempre de no mínimo uma volemia plasmática. No total foram realizados 75 procedimentos (5‒10) e a média foi de 5,7 procedimentos por paciente. Nenhum paciente apresentou evento adverso grave ao procedimento, a hipocalcemia secundaria ao uso do anticoagulante foi um sintoma observado em menos da metade dos pacientes e somente um paciente necessitou de infusão continua de cálcio durante o procedimento. A resposta ao tratamento foi considerada adequada em 69% dos casos, com melhora dos sintomas a partir da segunda sessão. A troca plasmática tem se mostrado uma ferramenta terapêutica valiosa no manejo de doenças neurológicas de origem autoimune ou inflamatória, principalmente em fases agudas e refratárias. O mecanismo de ação baseia-se na remoção de anticorpos patogênicos, citocinas inflamatórias e outros mediadores imunes circulantes, contribuindo para a interrupção do processo patológico. No entanto, a resposta ao tratamento pode variar conforme o momento de início da terapia, gravidade do quadro e comorbidades associadas. Além disso, apesar de geralmente bem tolerada, a técnica requer internação em unidade intensiva, acesso venoso central e monitoramento rigoroso devido ao risco de complicações, como hipotensão, distúrbios eletrolíticos e infecções associadas ao acesso venoso. A troca plasmática é uma estratégia eficaz e segura no tratamento de diversas doenças neurológicas imunomediadas. No nosso serviço o início precoce do tratamento e o acompanhamento multidisciplinar foi fundamental para otimizar os resultados clínicos e minimizar riscos associados ao procedimento.
Referências:
Padmanabhan A, Connelly-Smith L, Aqui N, et al. Guidelines on the use of therapeutic apheresis in clinical practice: the 8th special issue. J Clin Apher. 2019;34(3):171-354. doi:10.1002/jca.21705.
Osman C et al. Plasma exchange. Pract Neurol. 2020.




