
O Ministério da Saúde (MS) por meio da Coordenação Geral do Sangue e Hemoderivados (CGSH) disponibiliza aos pacientes com hemofilia diversas formas de tratamento que dependem, entre outros aspectos, da gravidade da doença, das condições clínicas, psicológicas e sociais. Existem parâmetros para que o paciente seja inserido neste ou naquele programa de tratamento. Todavia, todos os pacientes têm garantido o direito ao tratamento, como determinam as diretrizes de atendimento em saúde no âmbito do Serviço Único de Saúde (SUS). Para este estudo, levaremos em consideração o Programa de Dose Domiciliar instituído pelo Ministério da Saúde e suas implicações. Para ter em domicílio as doses de fator da coagulação o paciente é submetido a um Protocolo de Liberação da Dose Domiciliar na Fundação Hemominas, o qual estabelece critérios de inclusão no programa e prevê avaliação com a equipe multiprofissional (psicologia, serviço social e enfermagem além da consulta médica) e assinatura do termo de compromisso. Um dos aspectos que impede o paciente de levar as doses para casa é ser usuário de drogas ilícitas.
ObjetivosGarantir ao paciente em tratamento em comunidade terapêutica (dependência química), no interior de MG, acesso ao fator de coagulação em caso de intercorrência.
MétodosA equipe multidisciplinar – assistente social, enfermeira e farmacêutica – do Hemocentro de Juiz de Fora se dirigiu à cidade para treinar a equipe do hospital local. Estavam presentes no treinamento enfermeiros, assistente social, a responsável técnica da enfermagem e a farmacêutica do hospital; além do próprio paciente para que o treinamento fosse completo. Foram fornecidas orientações sobre a hemofilia, formas de tratamento, tipos de fator, armazenamento, preparo e infusão do fator.
DiscussãoPaciente com hemofilia B grave, em tratamento neste Hemocentro desde a infância, sempre utilizou o fator “sob demanda”. Na atualidade, usuário de drogas ilícitas se internou em comunidade terapêutica para tratamento. Diante da impossibilidade de levar o fator para a comunidade e das dificuldades da equipe de apoio trazer o paciente ao Hemocentro, foi-nos solicitada uma alternativa para que o paciente não ficasse sem receber o hemoderivado. Surgiu então a possibilidade de parceria com o hospital local para armazenamento e aplicação do fator. Durante o período que o paciente esteve internado o fator ficou disponível no hospital; quando o paciente relatou ter deixado a comunidade recolhemos os fatores e o paciente voltou a ser tratado “sob demanda” no Hemocentro e serviços de urgência e emergência parceiros.
ConclusãoA partir desse caso, verificamos a necessidade de parcerias com outras instituições, com o objetivo de estruturar estratégias que garantam aos pacientes o acesso e manutenção ao tratamento proposto pelo MS seguindo os princípios básicos do SUS: universalidade, equidade e integralidade.