
Analisar as características das internações hospitalares para o tratamento da anemia hemolítica no estado do Pará.
Material e métodosTrata-se de um estudo descritivo, retrospectivo e transversal que visa compreender o tratamento hospitalar da anemia hemolítica no estado do Pará no período de 2018 a 2023. Foram coletados dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), utilizando-se as variáveis número de internações, valor médio das internações, média de permanência, óbitos e taxa de mortalidade. As informações analisadas foram organizadas no programa Microsoft Office Excel 2019.
ResultadosNo período analisado, de 2018 a 2023, foram registradas 2.127 internações hospitalares para tratamento de anemia hemolítica, com uma média anual de 354,5 ± 37,52. O ano de 2022 apresentou o maior número de internações (n = 407), enquanto 2020 registrou o menor número (n = 299). Quanto aos óbitos na população pesquisada, foram constatados 57 casos, com uma média anual de 9,5 ± 2,59. O ano de 2022 teve o maior número de óbitos (n = 13), e 2020 o menor (n = 6). A taxa média de mortalidade foi de 2,68% ± 0,67%, com a maior taxa registrada em 2021 (3,24%) e a menor em 2018 (1,59%). O período médio de internação foi de 5,6±0,29 dias, com 2019 apresentando a maior média (n = 6,1 dias) e os anos de 2020 e 2021 a menor média (n = 5,4 dias). Em relação aos gastos, o total foi de R$ 963.942,37, com uma média anual de Rid = “mce_marker” 60.657,06 ± 26.185,19, e um custo médio por internação de R$ 451,51 ± 42,01.
DiscussãoO tratamento da anemia hemolítica varia de acordo com a etiologia e os fatores associados identificados no diagnóstico. Em 2022, os índices mais elevados de internações e taxas de mortalidade associadas à doença podem estar correlacionados com a pandemia de COVID-19. Estudos sugerem que indivíduos infectados pelo SARS-CoV-2 que apresentam resultado positivo no teste direto de antiglobulina (DAT) têm maior propensão a desenvolver complicações em comparação aos que testam negativo no DAT. Além disso, a baixa quantidade de notificações durante o ano de 2020, que representou o auge da pandemia de COVID-19, demonstra relação com as necessidades do momento, a disponibilidade de profissionais e o acesso restrito aos centros de saúde por medo de contaminação ou contingente excedido. Esse cenário contribuiu para a subnotificação e agravamento de diversas doenças transmissíveis ou não, provocando possíveis aumentos nos anos subsequentes.
ConclusãoCom base nos dados analisados de 2018 a 2023 sobre internações hospitalares para o tratamento da anemia hemolítica no Pará, observam-se importantes variações que podem ser atribuídas à pandemia de COVID-19, já que houve um aumento significativo nos casos em 2022, contrastando com a redução em 2020. A taxa de mortalidade média de 2,68%±0,67%, com pico em 2021 e menor índice em 2018, reflete a gravidade da doença. A variação nos períodos de internação e os custos médios também indicam uma resposta variável ao tratamento, com uma duração média de internação maior em 2019 e menores em 2020 e 2021. O estudo mostra que a pandemia teve implicações no sistema de saúde, ressaltando a necessidade de estratégias de saúde pública para minimizar impactos negativos sobre o tratamento e manejo de doenças, garantindo melhor preparo para futuras emergências sanitárias.