Introdução: A introdução do inibidor da tirosina quinase Bruton (iBTK), ibrutinibe, mudou drasticamente o manejo da leucemia linfocítica crônica (LLC). Embora as respostas sejam duradouras na maioria dos pacientes, recidivas ocorrem, principalmente nos pacientes de alto risco. O ibrutinibe tornou-se um dos tratamentos de escolha para LLC recidivada ou refratária (LLC-RR), com mediana de sobrevida livre de progressão de 44 meses como descrito no estudo fase 3 RESONATE. A maioria dos pacientes com LLC-RR que interromperam o ibrutinibe precocemente são difíceis de tratar e tem prognóstico desfavorável. Estes podem responder a terapias alternativas como idelalisibe e venetoclax, associados ou não a anticorpo monoclonal anti-CD20. Entretanto, estas terapias são de difícil acesso, especialmente para pacientes do SUS, e o transplante alogênico segue uma opção terapêutica viável. Relato do caso: Paciente masculino, 52 anos, previamente hipertenso foi diagnosticado com LLC Binet B em 2007, sem indicação de tratamento ao diagnóstico. Em 2014, evoluiu com linfonodomegalia axilar e inguinal sintomáticas, associado a perda de peso significativa, tendo sido tratado com a associação de fludarabina, ciclofosfamida e rituximabe (FCR) por 5 ciclos, não tendo realizado o 6o ciclo por toxicidade hematológica, seguido por ibrutinibe de manutenção dentro do contexto de estudo clínico. Fez uso da medicação durante 4 anos até que em novembro de 2019 passou a apresentar linfonodomegalia e linfocitose progressivas e a partir de janeiro de 2020 citopenias, voltando a ter indicação de tratamento. Foi então associado ao ibrutinibe o medicamento venetoclax, obtido por doação, na dose de 100 mg (pelo uso concomitante de fluconazol), tendo apresentado resposta hematológica completa após 4 semanas do uso. Em abril de 2020 foi submetido ao transplante alogênico haploidêntico a partir de seu filho, tendo sido realizado condicionamento com a associação de ciclofosfamida, fludarabina, TBI 4 Gy e profilaxia da doença do enxerto contra o hospedeiro com ciclofosfamida pós-transplante, ciclosporina e micofenolato mofetil. A ciclosporina foi suspensa no D+60 e atualmente o paciente segue bem, com imunofenotipagem negativa (DRM negativa) e quimerismo completo. Discussão: A LLC refratária ao ibrutinibe está se tornando um problema clínico cada vez mais prevalente nos centros de referência. Novos agentes podem ser usados no resgate, porém com duração de resposta mais curta e custo elevado, nenhuma opção estando ainda disponível no SUS. O transplante alogênico é eficaz na LLC, ainda que nas maiores séries a mortalidade não relacionada a recaída ainda esteja próxima a 20%. Em contraponto vale considerar que fatores prognósticos que influenciam negativamente a resposta ao tratamento com quimioimunoterapia, como o gene IGHV não mutado, e alterações genéticas desfavoráveis não afetam adversamente o resultado do transplante. Essa modalidade terapêutica ainda é a única opção com intenção curativa para pacientes com LLC recidivada/refratária, especialmente após progressão com novos agentes. Conclusão: O transplante alogênico ainda deve ser considerado como única opção com intenção curativa para pacientes portadores de LLC com condições clínicas adequadas, especialmente naqueles que progridem após uso prévio de iBTK. O venetoclax pode ser usado com eficácia e segurança como ponte para o transplante nesses casos.
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