Objetivo: As crianças têm necessidades específicas e qualquer falha na assistência pode desencadear uma reação transfusional e ocasionar riscos na vida da mesma. Estudos sobre hemoterapia são de suma importância e precisam ser sempre atualizados, porém, infelizmente, é notável a carência de produção científica, principalmente sobre a atuação da enfermagem no processo de transfusão sanguínea em pacientes pediátricos. Com isso, o objetivo deste estudo foi de identificar os principais cuidados de enfermagem necessários para a assistência de enfermagem de qualidade, ao paciente pediátrico, em todas as etapas do processo de transfusão sanguínea. Material e métodos: Optou-se pelo tipo de estudo descritivo, de abordagem qualitativa, realizada em um centro de tratamento em doenças hematológicas na região norte do Brasil. Foram entrevistados dez enfermeiros no período de janeiro a março de 2020, com entrevista semiestruturada. As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas. Para a análise dos dados foi utilizado a análise de conteúdo na modalidade temática de Bardin. Resultados: Foram evidenciadas três categorias: cuidados de enfermagem na etapa pré-transfusional, peri-transfusional e pós-transfusional. Discussão: As crianças necessitam de um acompanhamento rigoroso, visando a detecção precoce de eventuais reações, pois na maioria das vezes as crianças ainda não verbalizam os sintomas, ou ainda não compreendem o que está sendo realizado. Diversos cuidados pré-transfusionais são realizados, como conferência da prescrição, verificação de sinais vitais, o consentimento dos pais e/ou responsáveis, checagem à beira leito, orientações sobre o procedimento transfusional visando instruir os responsáveis às possíveis reações que podem ocorrer, todo o processo é registrado na folha de Sistematização da Assistência de Enfermagem específica. Na etapa peri-transfusional, o início da infusão em gotejamento lento deve ser feito sob observação a beira leito por 10 a 15 minutos verificando os sinais vitais, pois a velocidade da infusão em pacientes pediátricos devem ser feitos com cuidado rigoroso, respeitando o tempo mínimo de 2 horas e máximo de 4 horas para transfusão de concentrado de hemácias e a observação durante todo o processo. Na etapa pós-transfusional, a aferição dos sinais vitais e a observação são a chave para a detecção precoce de reações transfusionais, tornando crucial a manutenção do acesso venoso periférico para um atendimento emergencial rápido caso necessário, ou para uma nova transfusão, evitando que a criança seja puncionada novamente. Conclusão: Na etapa pré-transfusional existe uma preocupação maior relacionada ao volume adequado para a criança, dupla checagem dos dados, coleta de amostra e verificação dos sinais vitais; na etapa peri-transfusional o paciente pediátrico necessita de atenção constante, cuidado maior na velocidade da infusão, respeitando de maneira rígida o tempo necessário para o processo; no pós-transfusional, assim como no peri-transfusional, é necessário acompanhar a criança com mais atenção, aferindo e registrando sinais vitais, devido ao surgimento de possíveis reações pós-transfusionais. Na instituição estudada não existe um protocolo específico para o serviço pediátrico, por isso, este estudo contribuiu significativamente para a melhora da qualidade da assistência de enfermagem ao paciente pediátrico transfundido.
Informação da revista
Vol. 42. Núm. S2.
Páginas 463-464 (novembro 2020)
Vol. 42. Núm. S2.
Páginas 463-464 (novembro 2020)
779
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TRANSFUSÃO EM PEDIATRIA: PRINCIPAIS CUIDADOS DE ENFERMAGEM
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N.T. Souza, S.R.S. Frantz, N.R.B. Gomes, T.Q. Souza
Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Manaus, AM, Brasil
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