
Analisar os avanços na terapia com células T modificadas direcionadas ao Antígeno de Maturação de Células B (BCMA) para o tratamento do mieloma múltiplo, avaliando inovações tecnológicas, segurança e impacto na redução da carga tumoral dos pacientes recidivantes e refratários.
Materiais e métodosEste estudo é uma revisão de literatura baseada em evidências científicas da PubMed, utilizando os descritores “CAR-T cells”, “BCMA”, “multiple myeloma”e “immunotherapy”. A pesquisa inclui apenas meta-análises, revisões sistemáticas, ensaios clínicos e ensaios clínicos randomizados publicados entre 2019 a 2024.
ResultadosOs avanços na terapia com células T CAR direcionadas ao BCMA têm sido notáveis para o tratamento do Mieloma Múltiplo Recidivante e Refratário (RRMM). Em um estudo com BM38 CAR-Ts, uma abordagem bispecífica direcionada ao BCMA e CD38, observou-se uma alta taxa de resposta clínica de 87%, com uma mediana de sobrevida livre de progressão (PFS) de 17,2 meses. Os eventos adversos mais comuns foram a síndrome de liberação de citocinas (87% dos pacientes) e toxicidades hematológicas frequentes, sem neurotoxicidade observada. A persistência das células CAR-T foi detectável em 77,8% dos pacientes aos 9 meses e 62,2% aos 12 meses. Outro estudo com CT103A, uma terapia totalmente humana direcionada exclusivamente ao BCMA, revelou uma taxa de resposta clínica de 100%, com 72,2% dos pacientes alcançando uma resposta completa ou estrita. A mediana de PFS foi de 58,3% aos 1 ano, com uma taxa de 79,1% para pacientes sem mieloma extramedular. A persistência do CAR-T foi significativa, com uma mediana de 307,5 dias. As toxicidades mais comuns foram a síndrome de liberação de citocinas de grau 1 ou 2, com poucos casos de anticorpos anti-droga.
DiscussãoA terapia com células T CAR direcionadas ao BCMA demonstra avanços importantes no tratamento do mieloma múltiplo avançado. A abordagem bispecífica BM38 CAR-Ts mostrou eficácia robusta e a capacidade de eliminar plasmocitomas extramedulares, mas com uma toxicidade hematológica significativa. Em contraste, a terapia com CT103A, sendo totalmente humana, mostrou uma taxa de resposta superior e uma persistência prolongada do CAR-T, com um perfil de segurança mais favorável. Esses estudos evidenciam que a terapia CAR-T pode superar a resistência terapêutica e melhorar a sobrevida em pacientes com mieloma múltiplo recidivante ou refratário. A escolha entre terapias bispecíficas e totalmente humanas pode depender do perfil de toxicidade e da necessidade de tratamento de mieloma extramedular.
ConclusãoA terapia com células T modificadas direcionadas ao BCMA representa um avanço significativo no tratamento do mieloma múltiplo recidivante ou refratário. As abordagens atuais, tanto bispecíficas quanto totalmente humanas, têm mostrado eficácia e segurança promissoras. A terapia com CT103A oferece vantagens em termos de taxa de resposta completa e persistência do CAR-T, enquanto a terapia bispecífica BM38 é eficaz na eliminação de mieloma extramedular. Ambas as abordagens são promissoras e podem ser otimizadas conforme futuras pesquisas e ensaios clínicos.