
O gerenciamento de hemorragias em qualquer cenário é complexo e requer uma interação multidisciplinar. Sendo assim, utilizamos um protocolo institucional, chamado Código Hemorrágico ou Código H, no qual, um time multiprofissional e multidisciplinar foi constituído para atendimento integral, rápido e eficaz do paciente com doença hemorrágica grave. Vários profissionais e setores do hospital foram treinados, e cada um, com funções específicas, oferecendo garantia total de apoio e suporte às equipes médica e de enfermagem. Dentre um dos times de resposta rápida, está o banco de sangue, o qual é responsável por garantir o suporte transfusional de maneira imediata e adequada.
ObjetivosCom o aumento da complexidade dos casos atendidos no Hospital Municipal Vila Santa Catariana (HMVSC) houve a necessidade de monitorar os critérios pré-estabelecidos durante o atendimento do Código H, para um melhor manejo do paciente com perda de sangue aguda e o uso racional de Hemocomponentes (HMC).
Material e métodosEstudo retrospectivo do monitoramento do atendimento do Código H no período de janeiro de 2022 a maio de 2023. Os dados coletados continham: local de acionamento; comunicação prévia com o setor do acionamento para checagem de dados de identificação, verificação do histórico transfusional e gênero do paciente, seleção do HMC, coleta de amostra para a realização de Exame Pré Transfusional (EPT), Tempo de Atendimento (TAT) e unidades transfundidas.
ResultadosO Código H é um protocolo multidisciplinar gerenciado. Dos 161 acionamentos, 88 (54,7%) pacientes eram do sexo feminino e 73 (45,3%) do sexo masculino. O estudo apontou que 77 pacientes (47,8%) transfundiram durante o atendimento do Código H, 72 (44,7%) transfundiram após o acionamento e 12 (7,4%) não necessitaram de suporte transfusional. Foram utilizadas 82 unidades de Concentrados de Hemácias para transfusão durante o atendimento, sendo 43 (52%) do tipo sanguíneo O RhD Positivo e 39 (48%) RhD Negativo. A checagem de prontuário para a verificação do histórico da tipagem sanguínea do paciente, ocorreu em 153 (95%) acionamentos e o tempo médio de atendimento foi de 5 minutos e 20 segundos. Quanto ao local de acionamento, houve predomínio de pacientes nas unidades de terapia intensiva com 80 (49,7%), seguidos de pacientes da unidade de internação oncológica e do centro obstétrico, com 40 (24,8%) e 21 (13%) respectivamente.
DiscussãoNossos dados documentam a importância de um protocolo bem definido, e de equipes treinadas, onde cada um com funções específicas, deve oferecer garantia total de apoio e suporte às equipes médica e de enfermagem. Por fim, este hospital público estudado, tem um atendimento a pacientes de alta complexidade, sendo necessário o monitoramento do protocolo do Código H, mencionadas neste estudo, como aspectos indispensáveis para a segurança do paciente e sucesso da terapêutica. Disponibilizando assim, um gerenciamento de estoque de hemocomponentes eficaz e voltado ao uso racional do sangue.
ConclusãoO Código H é um protocolo específico e contribui positivamente para a qualidade e segurança da assistência prestada ao paciente com sangramento. Conseguindo o melhor e mais adequado sinergismo de ações entre as equipes multidisciplinares, visando rápidas ações terapêuticas, com a devida segurança, evitando assim desfechos clínicos negativos. Como melhoria, reforçaremos a checagem prévia do prontuário no momento do acionamento, para verificação de histórico transfusional do paciente, para a redução de transfusão RhD Negativo, reforçando assim o uso racional dos hemocomponentes.