
Com ao aumento da complexidade dos casos cirúrgicos no Hospital Municipal Vila Santa Catarina (HMVSC) com foco no atendimento de casos oncológicos, houve a necessidade de estabelecer e monitorar os processos no suporte transfusional nas cirurgias para garantir qualidade e segurança aos pacientes e o uso racional do sangue. O HMVSC realiza uma média de 390 cirurgias/mês e uma das atribuições do Banco de Sangue é realizar a reserva de hemocomponentes para o seu uso eventual em cirurgias eletivas (160 reservas de concentrado de hemácias/mês).
Material e métodosAs ações de segurança transfusional foram definidas em conjunto com a equipe multidisciplinar: elaboração do protocolo de reservas cirúrgicas de hemocomponentes (HMC) com as diversas especialidades cirúrgicas, discussão e validação do protocolo no comitê de auditoria transfusional (CAT), elaboração de fluxograma interno de monitoramento das reservas e do perfil imunohematológico dos pacientes.
ResultadosAs seguintes ações foram adotadas no decorrer dos últimos dois anos: 1) Análise do mapa cirúrgico na véspera: verificação do histórico transfusional, necessidade de procedimentos especiais, concentrado de hemácias fenotipadas, reserva adequada de HMC; 2) Coleta ambulatorial de exames pré transfusionais com 24 horas de antecedência: gerenciamento do estoque de sangue e antecipação de pesquisa de anticorpos irregulares (PAI); 3) Reuniões diárias com equipe multidisciplinar (“Bate mapa”): discussão das particularidades e especificidades dos pacientes; 4) Sistema informatizado de agendamento cirúrgico: liberação de sugestão do protocolo de reservas cirúrgicas de acordo com o tipo de procedimento para a equipe que realiza o agendamento; 5) Revisão dos casos com transfusão e discussão de casos não conformes no CAT; 6) Time out com anestesista sobre o preparo das reservas antes do início da cirurgia; 7) Dupla checagem no momento da entrega do HMC na sala operatória; 8) Priorização do atendimento transfusional ao Centro cirúrgico. Após a implementação destas medidas, houve: melhor gerenciamento de estoque de HMC com bolsas direcionadas para as reservas cirúrgicas; redução dos atendimentos de transfusão de emergência no centro cirúrgico, sem suspensão de cirurgias devido a antecipação de preparo de concentrado de hemácias compatíveis em pacientes com PAI positivo.
DiscussãoHouve uma melhoria importante nos processos de monitoramento dos pacientes cirúrgicos com demanda transfusional desde o momento do agendamento cirúrgico (solicitação adequada de HMC), véspera da cirúrgia (checagem das reservas, monitoramento imunohematológico), até o dia da cirurgia (dispensação correta dos HMC e priorizaçao do atendimento em sala) promovendo atendimento de qualidade e seguro aos pacientes.
ConclusãoO atendimento hemoterápico no centro cirúrgico é crítico devido a complexidade dos casos com risco de sangramento e necessidade de disponibilidade imediata em caso de necessidade transfusional. Sendo assim, a reserva de HMC deve obedecer à regras objetivas, evitando gastos desnecessários com reservas de volumes excessivos, mas também resguardando segurança dos pacientes ao garantir número adequado de unidades. Estimular e envolver toda a equipe corresponsável com a finalidade de promover segurança e gerenciar riscos é indispensável para a execução de atos seguros.