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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID – 652
Acesso de texto completo
RESOLUÇÃO E CORREÇÃO LABORATORIAL DE UMA PSEUDOTROMBOCITOSE GRAVE EM UM INDIVÍDUO COM ANEMIA CONGÊNITA E ANISOPOIQUILOCITOSE ACENTUADA: UM RELATO DE CASO
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149
RJ Remualdoa, AL Emrichb, AP Delamutaa
a Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (HEMOSC), Florianópolis, SC, Brasil
b Centro de Pesquisas Oncológicas (CEPON), Florianópolis, SC, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

Anisopoquilocitose é uma alteração hematológica caracterizada por acentuada variação no tamanho (anisocitose) e na forma (poiquilocitose) das hemácias. Essa condição pode ser observada em diversas doenças, como talassemias, anemias carenciais, hemolíticas, sideroblástica e síndromes mielodisplásicas. Em quadros com intensa microcitose e fragmentação eritrocitária, a análise automatizada por impedância elétrica pode superestimar a contagem plaquetária, gerando pseudotrombocitose. Este trabalho apresenta um caso clínico em que tal interferência foi identificada e corrigida por métodos laboratoriais alternativos.

Descrição do caso

Paciente masculino, 16 anos, natural da Venezuela, foi encaminhado ao HEMOSC com histórico de anemia congênita grave. Na admissão, foi realizada biópsia de medula óssea (BMO), que evidenciou medula hipocelular, intensa hiperplasia eritróide e diseritropoiese. O hemograma (Sysmex XN-550) revelou hemoglobina de 7,6 g/dL, microcitose acentuada (VCM: 48,3 fL), anisocitose, hipocromia, policromasia e poiquilocitose marcadas, com presença de esquizócitos, microesferócitos, acantócitos, hemácias em lágrima, em alvo, ovalócitos e eliptócitos, e leucometria normal (6.770/mm³). No entanto, a contagem plaquetária automatizada por método óptico apontou valor extremamente elevado (5.940.000/mm³), confirmado em três análises consecutivas. Suspeitando de interferência causada por micrócitos e formas atípicas de hemácias, realizou-se contagem manual em câmara de Neubauer com solução de oxalato de amônio a 1% - realizada por dois microscopistas experientes e de forma independente, resultado no valor médio real de 234.000/mm³. A contagem automatizada de hemácias e plaquetas por impedância elétrica pode ser imprecisa em situações com alterações morfológicas acentuadas, pois esse método se baseia no tamanho celular para diferenciar as células. No caso descrito, a microcitose severa, aliada à presença de hemácias fragmentadas e dismórficas, resultou na leitura equivocada dessas células como plaquetas, gerando um quadro de pseudotrombocitose. Embora a contagem manual esteja em desuso devido a sua variabilidade interobservador, ela demonstrou boa reprodutibilidade nas medições realizadas. A alternativa mais recomendada na literatura científica, para esses casos, é utilização de tecnologias baseadas em fluorescência óptica, que distinguem as plaquetas pelo conteúdo de RNA e sua complexidade citoplasmática. No entanto, o alto custo e a disponibilidade limitada desses equipamentos restringem seu uso na prática laboratorial cotidiana.

Conclusão

O reconhecimento das limitações dos sistemas automatizados é essencial para a correta interpretação de resultados laboratoriais, especialmente em pacientes com distúrbios hematológicos complexos. A compreensão da fisiopatologia das alterações eritrocitárias, aliada ao domínio das metodologias analíticas disponíveis, permite identificar e corrigir interferências como a pseudotrombocitose. Apesar de métodos avançados por fluorescência óptica serem os mais sensíveis e específicos, a contagem manual em câmara de Neubauer permanece uma ferramenta válida, acessível e eficaz na confirmação diagnóstica em contextos de limitação tecnológica.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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