
Descrever a experiência da produção e distribuição de plasma convalescente de COVID-19 realizadas na unidade coordenadora da Hemorrede pública do Estado do Rio Grande do Norte, para uso na pesquisa clínica intitulada como: “Estudo aberto de plasma convalescente em indivíduos com COVID-19 grave”.
Material e MétodosA seleção dos doadores foi realizada pelo Instituto de Medicina Tropical da UFRN, através dos critérios estabelecidos pela RDC n° 34/2014, PRC n° 05/2017 e Nota Técnica n° 13/2020. Com a finalidade de remover o plasma contendo os anticorpos contra o SARS-CoV-2 e de preferência assintomático há 14 dias. A coletas foram realizadas com o uso da máquina de aférese, obedecendo todos os critérios estabelecidos em legislação; e o volume coletado foi determinado pelo equipamento, de acordo com peso e altura do doador. O volume máximo a ser coletado foi de 600mL, podendo ser fracionado em duas unidades com pelo menos 200 mL. Em seguida, foram congelados em até 4 horas após a coleta, armazenados e identificados após liberação da sorologia como “Plasma Experimental Convalescente ‒ PEC”, conforme nota Técnica da ANVISA. Para facilitar a comunicação, foi criada uma planilha on line do Google drive, compartilhada entre os setores de processamento/distribuição, de aférese e pelos responsáveis pela pesquisa, contendo todas as informações da doação e a disponibilidade para uso.
ResultadosForam realizados 24 agendamentos de candidatos a doação de plasma convalescente, dos quais 18 realizaram a coleta no período entre 26/06/2020 e 03/09/2020. Foram produzidas 28 bolsas com volume variando de 200 a 300 mL por bolsa com os tipos sanguíneos: A+ (12); A- (04); AB+ (2) e O+ (10). Das 28 bolsas, 11 foram liberadas para a transfusão e 17 foram expurgadas (01 por lipemia, 01 por rompimento e 15 por validade).
DiscussãoEm 06 de julho de 2020, quando registrado a primeira onda de casos positivos para SARS-CoV-2 no Estado, com 55.925 casos acumulados, uma média móvel – 7 dias com 835 casos e 26 óbitos por dia (Fonte de dados: SESAP/RN, LAIS/HUOL/UFRN); a equipe do Hemonorte foi capaz de montar um fluxo para a coleta por aférese, processamento, armazenamento e ter disponível para liberação a primeira unidade de PEC de forma a manter um estoque disponível deste hemocomponente para uso na pesquisa experimental até a data do seu vencimento.
ConclusãoCom os processos de trabalho mapeados, rotinas de treinamento implantadas e com o fluxo de comunicação facilitados após a implantação da ISSO 9001:2015, foi possível atender em tempo hábil a demanda da produção de Plasma Convalescente no período inicial da pandemia quando havia um esforço científico global para combater o SARS-CoV-2. A planilha compartilhada facilitou a comunicação entre os envolvidos no processo, principalmente devido a necessidade de isolamento social. Todas as bolsas solicitadas foram atendidas, as demais ficaram disponíveis até o mês setembro de 2021, porém a maioria não foi utilizada. Não é possível afirmar, de forma conclusiva, qual a real relevância desse tratamento, devido à falta de dados clínicos que permita a análise final das transfusões.