HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO Acalabrutinib é um agente antineoplásico que atua como inibidor de segunda geração da tirosina quinase de Bruton (BTK), indicado para o tratamento de neoplasias hematológicas, tais como Leucemia Linfocítica Crônica (LLC) e Linfoma de Células do Manto (LCM). Em comparação ao Ibrutinib, outro inibidor da BTK, apresenta maior seletividade pela enzima, o que resulta em perfil de toxicidade cardiovascular reduzido, configurando-se como opção terapêutica preferencial para pacientes com comorbidades cardiovasculares. Na LLC, particularmente em casos associados a pior prognóstico, como aqueles portadores da deleção 17p, o acalabrutinib demonstrou superioridade em eficácia frente aos regimes quimioterápicos convencionais, promovendo maior sobrevida livre de progressão e respostas clínicas prolongadas.
Descrição do casoPaciente do sexo masculino, 58 anos, obeso mórbido (160 kg), portador de Hipertensão Arterial (HAS), Diabetes Mellitus (DM) e Insuficiência Venosa, iniciou acompanhamento com presença de sintomas B, isto é, febre acompanhada de sudorese noturna e queixa de perda ponderal de 20 kg. Ao exame, apresentava leucocitose de 80.000/mm3, na ausência de linfonodomegalia. Em agosto de 2022, é confirmado o diagnóstico de LLC, apresentando Imunofenotipagem característica. A estratificação genética/molecular para avaliação prognóstica revelou deleção 17p e mutação TP53 positivas, além de IGH mutado, indicando mau prognóstico e auxiliando na decisão terapêutica. Devido às comorbidades, não houve indicação de quimioterapia, sendo prescrito, em setembro de 2022, o Acalabrutinib, fármaco associado a menor incidência de efeitos colaterais. Após dois meses de tratamento, o paciente evolui com Fibrilação Atrial de Alta Resposta (FAAR), sendo iniciados Metoprolol e Marevan como conduta terapêutica. Associadamente, apresenta quadro de Insuficiência Cardiaca descompensada, manejada com Metoprolol, Furosemida, Aldactone e Carvedilol, mantendo-se o uso de Acalabrutinib. Atualmente, após dois anos de uso de Acalabrutinib, encontra-se em remissão da neoplasia, com doença cardiovascular controlada. Exames laboratoriais recentes mostram leucócitos dentro da faixa de normalidade e Imunofenotipagem com Doença Residual Mínima (DRM) negativa, prosseguindo tratamento.
ConclusãoEmbora apresente perfil cardiovascular mais favorável, o Acalabrutinib não está isento de eventos adversos, sobretudo em pacientes com cardiopatias preexistentes. As diretrizes clínicas recomendam a suspensão temporária ou definitiva do medicamento em casos de toxicidade significativa. No caso, tais eventos foram manejados com sucesso, sem evidências de refratariedade, justificando a manutenção da terapia em virtude do benefício clínico proporcionado pelo Acalabrutinib e da escassez de opções terapêuticas alternativas devido às comorbidades prévias apresentadas.
Referências:
Shadman M. Diagnosis and treatment of chronic lymphocytic leukemia: a review. JAMA. 2023;329:918-32. doi:10.1001/jama.2023.1212.
Byrd JC, Hillmen P, Ghia P, Kater AP, Chanan-Khan A, Furman RR, et al. Acalabrutinib versus ibrutinib in previously treated chronic lymphocytic leukemia: results of the first randomized phase III trial. J Clin Oncol. 2021;39:3441-52. doi:10.1200/JCO.21.01521.




