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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 2376
Acesso de texto completo
RELATO DE CASO: LEUCEMIA AGUDA DE FENÓTIPO MISTO EM PACIENTE ADULTO JOVEM
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MFGM Fernandesa, IM Almeidaa, LM Pinheiroa, CM Lucinia, BLM Pereiraa, CP Aguiara, JWO Romanovb
a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Porto Alegre, RS, Brasil
b Hospital São Lucas, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Porto Alegre, RS, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

A leucemia aguda de fenômeno misto (MPAL) é uma neoplasia hematológica rara, compreendendo menos de 3% das leucemias agudas. Caracteriza-se pela expressão de antígenos tanto mieloides quanto linfoides pelos blastos malignos, o que impede sua classificação inequívoca em uma única linhagem hematopoiética.

Descrição do caso

Paciente masculino, 25 anos, procura serviço de emergência com um quadro clínico progressivo há cerca de um mês, caracterizado por fadiga intensa, cansaço aos médios esforços, perda de apetite, dor articular, edema periorbital e palidez. O hemograma de admissão revelou anemia severa (Hb 6,0 g/dL), trombocitopenia acentuada (40.000 plaquetas/µL) e leucocitose importante com 90% de blastos (contagem de 27.127 blastos/µL). A imunofenotipagem do sangue periférico confirmou o diagnóstico de leucemia aguda de linhagem ambígua, evidenciando a coexpressão de marcadores linfoides e mieloides. O cariótipo inicial demonstrou hiperdiploidia com trissomia dos cromossomos 4 e 7. O tratamento quimioterápico intensivo foi iniciado com o protocolo HYPER-CVAD, junto às profilaxias para infecções com sulfametoxazol e aciclovir, além do uso de alopurinol pelo risco de hiperuricemia. A profilaxia do sistema nervoso central (SNC) foi realizada com múltiplas doses de metotrexato intratecal. Durante o curso do tratamento, o paciente apresentou diversos episódios de neutropenia febril, gerenciados com antibioticoterapia de amplo espectro, como piperacilina- tazobactam, meropenem e cefepime. As avaliações subsequentes da medula óssea demonstraram remissão morfológica, sem populações aberrantes, e normalização do cariótipo, com resultados negativos para os transcritos BCR-ABL. Ademais, o líquido cefalorraquidiano permaneceu negativo para blastos nas avaliações de rotina. O paciente segue em tratamento quimioterápico de consolidação e está em planejamento para transplante de células-tronco hematopoiéticas alogênico (TCTH).

Conclusão

O caso apresentado de MPAL destaca a sua natureza rara e a complexidade diagnóstica, que exige uma integração cuidadosa de dados morfológicos, imunofenotípicos e citogenéticos. A apresentação clínica do paciente, com fadiga, pancitopenia e envolvimento cutâneo, é consistente com as manifestações inespecíficas da leucemia aguda. A confirmação por imunofenotipagem da coexpressão de marcadores mieloides e linfoides é essencial para diferenciar de outras categorias de leucemia. A alteração citogenética de hiperdiploidia com trissomias em 4 e 7, embora não seja um achado patognomônico, é um tipo de anormalidade citogenética que pode ser associada à MPAL e contribui para a caracterização da doença. É crucial que exames citogenéticos e moleculares sejam realizados para classificação e para excluir outras leucemias. O tratamento é direcionado principalmente pela presença ou ausência do cromossomo Philadelphia (Ph). Para a MPAL Ph-negativa, como neste caso, o consenso atual recomenda a utilização de regimes de quimioterapia intensiva baseados em protocolos de leucemia linfocítica aguda, como o HYPER-CVAD, devido a melhores taxas de resposta e perfis de toxicidade mais favoráveis em comparação com regimes mieloides ou híbridos. A alta incidência de envolvimento do SNC sublinha a importância da punção lombar diagnóstica e da profilaxia intratecal desde o início do tratamento. Ademais, o TCTH é a estratégia de consolidação mais recomendada na primeira remissão morfológica para otimizar os desfechos a longo prazo e reduzir o risco de recidiva.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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