Introdução: O linfoma plasmablástico é um raro e agressivo linfoma não Hodgkin que possui maior incidência em pacientes infectados pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Nestes, acomete principalmente a cavidade oral. Em pacientes sem HIV, há maior frequência de acometimento fora da fora da cavidade oral. Devido a sua raridade e ausência de marcadores específicos, o diagnóstico pode ser difícil e o diagnóstico diferencial inclui outros tipos de linfoma não Hodgkin e mieloma múltiplo, sobretudo quando existe infiltração da medula óssea. Caracteriza-se patologicamente por derivar de células B ativadas que perdem a expressão de marcadores B e começam a adquirir marcadores de plasmócitos, além de frequentemente apresentar rearranjos do gene MYC e infecção pelo vírus Epsten-Barr (EBV). Descrição de caso: Homem, 40 anos, previamente portador de esquizofrenia e em situação de rua, admitido no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo – em julho de 2020 para início de tratamento de infecção pelo HIV, com diagnóstico em novembro de 2019. Na admissão, apresentava contagem de células CD4 de 46 cél/mm3 e dor periodontal. A avaliação da odontologia evidenciou lesão ulcerada e infiltrativa em palato duro, sendo realizada biópsia. A análise anátomo-patológica demonstrou mucosa infiltrada difusamente por neoplasia linfoide de alto grau, construída predominantemente por células grandes, com núcleos pleomórficos e excêntricos, com presença de nucléolos centrais proemintentes e citoplasma escasso. O painel imuno-histoquímico evidenciou positividade para MUM1, Kappa, CD38 e EBV (EBER) e negatividade para CD45, CD34, CD20, CD19, CD79, CD10, PAX-5, CD138, CD56 e lambda. O ki-67 foi positivo em mais de 95% das células. O paciente apresentava lesão única em palato e ausência de infiltração em medula óssea e líquido cefalorraquidiano (estadio I). Discussão: Atualmente há cerca de 600 casos descritos na literatura dessa enfermidade, considerando diferentes perfis de pacientes, incluindo portadores de HIV, pós transplante de órgãos sólidos e idosos. Como existe um limitado número de pacientes, ainda não não é possível descrever um padrão sobre as manifestações clínicas e achados histopatológicos. Há íntima relação da patogenia do linfoma nos pacientes infectados pelo HIV associado a presença do EBV contribui para caracterização desta patologia e, consequente, diagnóstico. É importante ressaltar que a pesquisa pela proteína de membrana latente é frequentemente negativa, sendo detectado apenas com técnicas de detecção de RNA (EBER), como demonstrado no caso. Critérios mínimos para o diagnostico incluem coloração para CD20, que deve ser negativo, e a presença de marcação para CD38, CD138, EBV, bem como marcação para o Ki67 acima de 60%. No entanto, algumas vezes há desvios desse padrão, podendo dificultar o diagnóstico, como evidenciado no caso com CD138 negativo. Conclusão: A descrição patológica relatada é importante para adicionar informações que podem contribuir para a base de dados deste raro linfoma e melhorar padrões diagnósticos futuros. Há poucas descrições patológicas dessa doença, principalmente na América do Sul. Dada a sobreposição de diagnóstico diferencial e a raridade da condição, cada descrição é importante para contribuir e melhorar a capacidade diagnóstica.
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