HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA aloimunização eritrocitária é uma complicação imunológica relevante em pacientes submetidos a múltiplas transfusões. Caracteriza-se pela formação de anticorpos contra antígenos eritrocitários ausentes nas hemácias do receptor. Protocolos transfusionais com fenotipagem estendida, principalmente para os sistemas mais imunogênicos (Rh, Kell, Kidd, Duffy e MNS) são adotados como estratégia para reduzir esse risco e são recomendados para pacientes que serão submetidos à Esquema de Transfusão Crônica. No entanto, o emprego da Fenotipagem Estendida não elimina completamente a possibilidade de aloimunização. Antígenos de outros Sistemas com incidência menos frequente na população têm capacidade de induzir a formação de aloanticorpos. O risco se intensifica em pacientes com Anemia Crônica e necessidade de suporte transfusional frequente, como ocorre na Telangiectasia Hemorrágica Hereditária (THH), condição vascular rara marcada por episódios repetitivos de sangramento mucoso, principalmente epistaxe e sangramentos gastrointestinais.
Descrição do casoPaciente do sexo feminino, portadora de THH, com episódios recorrentes de epistaxe e Anemia crônica. Devido à necessidade de suporte transfusional frequente, adotado Protocolo Transfusional Institucional para Uso de Hemocomponentes Especiais, utilizando-se Concentrados de Hemácias Filtradas e Fenotipadas para os sistemas Rh e Kell, Durante período em que paciente foi atendida em outro Serviço, sem a realização de fenotipagem estendida, houve o desenvolvimento de aloanticorpo com especificidade anti-K. Ao retornar ao nosso Serviço, retomadas as transfusões com hemácias compatíveis, respeitando-se a presença do anticorpo identificado e os antígenos previamente fenotipados dos sistemas Rh e Kell. Em todas as ocasiões, realizada triagem pré-transfusional para detecção de anticorpos irregulares. Após múltiplas transfusões, identificada a presença de aloanticorpo anti-Dia, um anticorpo raro, associado ao sistema Diego. Diante da presença do aloanticorpo anti-Dia, paciente passou a receber exclusivamente hemácias compatíveis também para esse Sistema, evoluindo com adequada resposta clínica e sem intercorrências hemolíticas nas transfusões subsequentes.
ConclusãoA THH frequentemente demanda suporte transfusional ao longo da vida dos pacientes. O suporte transfusional prolongado constitui um fator de risco significativo para o desenvolvimento de aloimunização eritrocitária, inclusive contra antígenos considerados raros, como os do sistema Diego. O presente caso destaca a relevância da adoção de Protocolos de Fenotipagem Eritrocitária Estendida não apenas para os sistemas Rh e Kell, mas também para outros sistemas antigênicos, sobretudo em pacientes que demandam suporte transfusional frequente, não somente aqueles em regime de Transfusão Crônica. A identificação precoce de anticorpos irregulares e a seleção criteriosa de hemocomponentes compatíveis são fundamentais para evitar reações hemolíticas e garantir maior segurança transfusional a esses pacientes. O caso apresentado reforça a importância da Fenotipagem Eritrocitária Estendida em pacientes que demandam suporte transfusional frequente, como portadores de THH. Esses pacientes apresentam risco aumentado de aloimunização pois são frequentemente expostos a múltiplos doadores e situações de urgência, o que pode dificultar a obtenção de hemocomponentes compatíveis em momentos críticos.




