Introdução: A leucemia linfoblástica aguda é caracterizada pelo aumento da proliferação e o bloqueio da diferenciação de células da linhagem linfoide. Estudos demonstraram que alterações genéticas secundárias (por exemplo, deleções de IKZF1 e BTG1) afetam a regulação da especialização das células linfoides e da progressão no ciclo celular e estão fortemente relacionadas à resposta ao tratamento. Neste cenário, um estudo revelou que deleções em IKZF1 e BTG1 atuam sinergicamente e conferem pior prognóstico ao paciente com LLA. Este achado pode estar associado à resistência aos glicocorticoides, pois estudos in vitro identificaram aumento na viabilidade de linfócitos B de murinos contendo estas deleções quando tratados com esses fármacos. Considerando o amplo uso de glicocorticoides no tratamento da LLA, é necessário elucidar quais mecanismos estão envolvidos no processo de resistência farmacológica. Objetivos: Este estudo teve como objetivo avaliar a resposta in vitro ao tratamento com glicocorticoides mediante a inibição dos genes BTG1 e IKZF1. Material e métodos: Estabelecemos as condições de transfecção para a inibição de BTG1 e/ou IKZF1 na linhagem celular 207 por meio de RNA de interferência e eletroporação utilizando o sistema Nucleofactor 4D. Em seguida, investigamos o efeito da supressão desses genes na viabilidade celular por meio do ensaio colorimétrico de MTT, bem como na expressão de genes responsivos a glicocorticoides (DUSP1, SGK1, FBXW7 e NR3C1), a qual foi quantificada por RT-qPCR. Resultados: Foi possível estabelecer um modelo experimental que mimetizasse deleções em BTG1 e/ou IKZF1 em célula de linhagem linfoblastoide. Após tratamento com 1 mM dexametasona durante 24h, foi observado o aumento de 23%, 63% e 84% na viabilidade das células que sofreram inibição em BTG1, IKZF1 e a dupla inibição. Adicionalmente, observamos que o silenciamento exclusivo de BTG1 não foi capaz de alterar a expressão dos genes da via de glicocorticoides nos estados pré e pós tratamento com dexametasona. Por outro lado, deleções em IKZF1 resultaram na diminuição da expressão de SGK1 (2,3x), FBXW7 (2,4x) e NR3C1 (1,6x) e a dupla inibição levou à redução de SGK1 (3,3x) e NR3C1 (2,6x), respectivamente. Discussão: O aumento na viabilidade das células que sofreram inibição em BTG1 e/ou IKZF1 indicam o estabelecimento de um fenótipo de resistência que é mais acentuado quando IKZF1 foi inibido, principalmente em conjunto com BTG1. A análise de expressão gênica mostrou que a inibição de BTG1 não parece ter um papel central no desenvolvimento de um status de resistência aos glicocorticoides. Portanto, a expressão compensatória de BTG2, um membro análogo da família, poderia atuar de forma compensatória. Paralelamente, os dados ressaltaram a importância de IKZF1 na resposta aos glicocorticoides, onde sua inibição resulta em prejuízos na atividade de elementos da resposta farmacológica. Nesse contexto, acreditamos que a inibição a IKZF1 possa levar à repressão do receptor de glicocorticoides por meio da fosforilação por AKT, levando à formação do fenótipo de resistência a esta classe de fármacos. Conclusões: nossos achados sugerem que deleções no gene IKZF1 estão relacionadas ao estabelecimento de um fenótipo de resistência aos glicocorticoides, uma vez que modula a expressão de genes relacionados à promoção da resposta a esses fármacos, de modo a justificar a maior incidência de recaídas em pacientes com LLA com esse genótipo.
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