
: Este estudo tem o objetivo de elaborar estratégias para otimizar o uso racional do sangue e adotar ações para a diminuição dos descartes de concentrado de hemácias visando a preservação ambiental.
Materiais e métodos: Foram adotadas em nossa rotina, diversas ações para reduzir o descarte de concentrado de hemácias (CH) e otimizar o uso racional do sangue: 1) Reajustes dos níveis crítico e mínimo de estoque de CH a cada 3 meses; 2) Implantação no Safety local diário sobre discussão de estoque e estratégias transfusionais principalmente em situações de estoque crítico; 3) Gerenciamento de estoque dos CH no mínimo 2 vezes/dia; 4) Planilha com CH a vencer em 7 dias com reforço nas passagens de plantão dos CH a vencer nos próximos 3 dias; 5) Gerenciamento diário dos CH fenótipo estendido direcionadas para pacientes com protocolo de fenotipagem e/ou aloimunização eritrocitária; 6) Alinhamento de critérios para reintegração ao estoque das unidades de CH preparadas em caráter de reserva e não utilizadas durante procedimento cirúrgico; 7) Implantação de protocolos de fenotipagem para otimização do uso de unidades de CH com fenótipo Kell positivo em pacientes do sexo masculino e mulheres que não estejam em idade fértil; 8) Trocas de CH a vencer com a Unidade fornecedora de CH (Einstein Morumbi).
Resultados: Após a implementação das ações, constatou-se: uma redução de 51% no descarte de hemocomponentes de 2020 a 2021 comparado 2022 a 2023 e uma redução em torno de R$ 1.541,14 por ano nos custos referentes as bolsas plásticas descartadas. Em relação à geração de resíduos, obtivemos uma redução de 44,85 kg/ano e o que corresponde a uma queda de 51% de diminuição de geração de poluentes com a otimização do uso do sangue, consequentemente menor desperdício, descartes de resíduos biológicos e menores índices de incineração.
DiscussãoNo Hospital Municipal Vila Santa Catarina (HMVSC) realizamos cerca de 525 transfusões de hemocomponentes por mês e preparamos cerca de 140 bolsas de concentrado de hemácias (CH) para reserva cirúrgica. As bolsas são fabricadas principalmente de PVC e plastificantes, e quando incineradas, geram gazes tóxicos como dioxinas e furanos, os quais podem causar efeitos maléficos nos sistemas nervoso, muscular e imunológico. No nosso estudo, observamos uma redução de 51% no descarte de hemocomponentes. Essa diminuição foi possível graças à implementação de ações voltadas para o uso racional do sangue, utilizando ferramentas de Patient Blood Management (PBM). Como resultado dessas medidas, houve uma significativa redução do impacto ambiental associado à queima das bolsas plásticas.
ConclusãoUtilizamos uma metodologia ativa de gerenciamento diário de estoque de sangue, onde através de indicadores mensais estratégicos conseguimos mensurar as variáveis de descartes de hemocomponentes, seus motivos e rastreabilidades, conseguindo assim atuar nos planos de ações de melhorias e ajustes. As boas práticas devem ser disseminadas, consolidadas e monitoradas de maneira eficiente, permitindo calcular resultados e avanços de ações sustentáveis. Contribuindo assim com a preservação do meio ambiente, redução de custos e minimizando a contaminação causadas pelos resíduos de serviços de saúde.