HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAs reações transfusionais constituem eventos adversos potenciais à segurança do paciente, podendo variar de manifestações leves a condições graves. A identificação e o registro desses eventos são essenciais para o fortalecimento da hemovigilância e para a implementação de medidas preventivas. O Brasil, por meio da Anvisa, vem consolidando ações de notificação obrigatória e vigilância ativa, sendo os dados locais fundamentais para subsidiar melhorias na prática transfusional. Este estudo busca analisar o perfil das reações transfusionais ocorridas em duas agências transfusionais da cidade de Campo Grande/MS, contribuindo para o conhecimento epidemiológico regional e para a promoção da segurança do paciente.
ObjetivosAnalisar o perfil epidemiológico das reações transfusionais registradas entre 2022 e 2024 em dois hospitais atendidos pelo Grupo GSH em Campo Grande/MS.
Material e métodosEstudo observacional retrospectivo, com análise das notificações de reações transfusionais registradas entre janeiro de 2022 e dezembro de 2024 nas agências transfusionais de dois hospitais em Campo Grande/MS. Foram considerados os seguintes parâmetros: tipo de reação, hemocomponente envolvido, ano de ocorrência e desfecho. Os dados foram comparados com o total de transfusões realizadas em cada ano, possibilitando o cálculo das taxas de reações por 1.000 transfusões. A classificação das reações seguiu os critérios estabelecidos pela Anvisa e literatura internacional.
ResultadosDurante o período analisado, foram registradas 102 reações transfusionais, sendo 26 em 2022, 33 em 2023 e 43 em 2024. As taxas de reação por 1.000 transfusões foram 19,8 em 2022, 13,5 em 2023 e 17,6 em 2024. As reações foram mais frequentemente associadas ao uso de Concentrado de Hemácias (CHF), totalizando 82 casos, seguidas pelos concentrados de plaquetas (CP5, 14 casos) e Plasma Fresco Congelado (PFC, 9 casos). Os tipos de reação mais comuns foram: sobrecarga volêmica (34 casos), febril não hemolítica (29 casos) e alérgica leve (29 casos). Observou-se distribuição relativamente equilibrada entre os hospitais, com leve predominância de 53, e o outro com 49 casos notificados.
Discussão e conclusãoAs taxas de reações observadas neste estudo estão dentro dos limites encontrados na literatura nacional e internacional, que variam entre 5 e 20 reações por mil transfusões. A sobrecarga volêmica foi a reação mais prevalente, o que pode estar relacionado à população de pacientes clínicos e cardiopatas atendida nas instituições analisadas. As reações febris e alérgicas também mantiveram frequência esperada, refletindo a necessidade contínua de monitoramento clínico adequado durante e após os procedimentos transfusionais. Estudos semelhantes publicados por serviços de hemoterapia brasileiros, demonstram perfil semelhante de reações em instituições de médio porte. O presente estudo reforça a importância da hemovigilância ativa e contínua como ferramenta de segurança transfusional. A identificação do perfil das reações possibilita a adoção de medidas preventivas, como a adequação de volume e ritmo de infusão, além da capacitação das equipes. Iniciativas de educação permanente, protocolos clínicos e uso de sistemas informatizados de notificação devem ser fortalecidos, ampliando a cultura da qualidade e segurança na prática transfusional local e nacional.




