A Doença Tromboembólica Venosa (TEV) é uma condição multifatorial de grande impacto em saúde pública, associada à alta morbidade e mortalidade. Diversos estudos demonstram que valores baixos do Tempo de Tromboplastina Parcial ativado (TTPa) se correlacionam com maior risco trombótico, mesmo na ausência de causas adquiridas ou hereditárias conhecidas. A identificação precoce de indivíduos com TTPa reduzido pode ser útil como ferramenta auxiliar na estratificação de risco para TEV. Por se tratar de um exame simples, amplamente disponível e de baixo custo, surge a hipótese de seu uso em conjunto com outros fatores clínicos para avaliar a tendência à hipercoagulabilidade em pacientes ambulatoriais.

Determinar a prevalência de pacientes com TTPa abaixo da razão 0,95 em uma população ambulatorial, excluindo casos com alterações hereditárias ou adquiridas que interfiram na hemostasia.

Estudo observacional, analítico e longitudinal, realizado entre janeiro e maio de 2025 no Hospital de Clínicas da Unicamp. Foram analisadas 3393 amostras de pacientes adultos atendidos em ambulatório com prescrição de TTPa. Como referência, foi utilizado o valor médio de 26,4 s, obtido à partir de amostras de 30 doadores de sangue saudáveis (15 homens e 15 mulheres). As amostras foram processadas no coagulômetro CS2500 (Sysmex), com o reagente ACTIN FSL® (Siemens). Foram excluídas amostras com condições hereditárias/adquiridas interferentes na coagulação. Os dados foram processados e avaliados estatisticamente.

Dos 3393 pacientes, 6,51% (221) apresentaram TTPa com a razão TTPa < 0.95, São pacientes aparentemente saudáveis com tendência à hipercoagulabilidade. Esses dados reforçam a evidência de que valores baixos de TTPa podem estar associados a um estado pró-coagulante. A não exclusão por idade, sexo ou outros fatores pode representar uma limitação do estudo, porém também confere aplicabilidade prática ao resultado como triagem populacional. Foi observada uma prevalência de 6,51% de pacientes com TTPa abaixo da razão de 0.95, sem causas conhecidas de alteração da hemostasia. Esses dados sugerem que o TTPa, pela sua simplicidade e baixo custo, pode ser considerado no futuro como um marcador auxiliar de risco tromboembólico, em associação com outros fatores clínicos.