
Avaliar os anticorpos irregulares mais prevalentes nos pacientes do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF), a fim de congregar informações que auxiliem na definição de protocolos institucionais.
MetodologiaForam avaliados os pacientes atendidos no HU-UFJF, tanto em regime de internação quanto ambulatorial, com indicação de transfusão ou de reserva de hemocomponentes para cirurgia no período de março de 2019 a abril de 2022. Os pacientes incluídos no estudo foram submetidos à coleta de amostra de sangue periférico para a execução dos testes pré-transfusionais. A determinação de grupo sanguíneo ABO/RhD e a pesquisa e a identificacação de anticorpos irregulares foram realizadas por técnicas sorológicas utilizando cartões de coluna em gel de aglutinação e hemácias comerciais (Bio-rad).
ResultadosDurante o período do estudo foram detectados 60 pacientes com pesquisa de anticorpos irregulares positiva, os quais apresentaram uma média de idade de 55,31 anos e predomínio do sexo feminino (64,91%). Foi possível determinar a especificidade de 57 aloanticorpos, com especificidade para 18 antígenos distintos. O anticorpo mais prevalente foi o anti-E (29,82%), seguido pelo anti-K (15,79%). Os anticorpos contra os principais antígenos do sistema Rh (D,C,c,E,e) e antígeno K representaram 63,16% dos anticorpos identificados. A patologia mais frequentemente relacionada à aloimunização foi a Insuficiência Renal Crônica (IRC – 33,33%).
DiscussãoA alta prevalência de anti-E já foi descrita em outros estudos no país e no mundo. Os anticorpos mais prevalentes encontrados, anti-E e anti-K, são clinicamente significantes e ambos podem causar reações transfusionais hemolíticas tardias e doença hemolítica perinatal.
ConclusãoOs resultados nos levam a pensar em protocolos institucionais de transfusão de concentrado de hemácias com ampliação da fenotipagem do sistema Rh (C, c, E, e) e antígeno K sempre que possível e principalmente para os pacientes com IRC. Essa estratégia certamente contribuirá para reduzir os índices de aloimunização eritrocitária e de reações transfusionais hemolíticas, com reflexos positivos na segurança transfusional e na qualidade do cuidado ao paciente.