
Determinar a prevalência dos anticorpos antieritrocitários em pacientes atendidos pela Agência Transfusional do Hospital Unimed Piracicaba/SP.
Material e métodosEstudo observacional retrospectivo, de resultados positivos para Pesquisa de Anticorpos Irregulares (PAI), por meio de busca em banco de dados no período de janeiro de 2018 a dezembro de 2022.
ResultadosForam encontrados 65 pacientes com PAI positiva, sendo 37 (57%) com desenvolvimento de anticorpos únicos e 28 (43%) com associação de anticorpos irregulares. Dos 103 anticorpos, 89 (86%) foram aloanticorpos e 14 (14%) corresponderam a autoanticorpos de especificidade não identificada. A prevalência dos anticorpos identificados foram: Anti-D 19 (21%), Anti-C 12 (14%), Anti-E 12 (14%), Anti-c 11 (13%), Anti-K 11 (12%), Anti-G 7 (8%), Anti-Di(a) 4 (5%), Anti-e 2 (2%), Anti-S 2 (2%), Anti-P1 2 (2%), Anti-I 2 (2%), Anti-Le(b) 2 (2%), Anti-Le(a) 1 (1%), Anti-Jk(b) 1 (1%) e Anti-Jk(a) 1 (1%).
DiscussãoA incidência de anticorpos irregulares pode ocorrer em aproximadamente 0,3% a 2% da população em geral e aumentar de forma significativa em pacientes politransfundidos, talassêmicos e falciformes. A pesquisa de anticorpos irregulares deve ter a capacidade de detectar anticorpos clinicamente relevantes, independente da metodologia empregada e ao apresentar positividade, a especificidade do anticorpo requer investigação. Esse procedimento é realizado por meio de um painel de hemácias, previamente fenotipados para os principais sistemas sanguíneos. Em nosso serviço, a maior incidência de aloanticorpos encontrada foi contra antígenos dos sistemas Rh 63 (72%) e Kell 11 (12%), o que pode ser explicado pela alta capacidade imunogênica de ambos. Esses dados corroboram com a literatura especializada. Para diferenciar os anticorpos Anti-D e Anti-C do Anti-G, foram realizados estudos de adsorções e eluições. A comprovação desse anticorpo composto é de grande relevância para gestantes e puérpera em idade fértil, pois se houver associação de Anti-C e Anti-G ou a detecção única de Anti-G, não houve aloimunização por Anti-D e neste caso, a imunoglobulina anti-RhD é indicada.
ConclusãoA capacidade de estimular a resposta imune depende de muitos fatores, mas uma vez produzidos os anticorpos, necessitamos de métodos que permitam sua detecção. Os anticorpos dos sistemas Rh e Kell foram os mais frequentes e nossos achados são semelhantes com a literatura. A fenotipagem estendida contra os antígenos mais imunogênicos tem sido aconselhada na prática transfusional atual. Contudo, aspectos técnicos e disponibilidade de antissoros raros, ainda impede a sua ampla utilização em serviços hemoterápicos.