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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID – 917
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PRESENÇA DE ANTICORPO ANTI-M EM GESTANTES NO PRÉ-PARTO E A NECESSIDADE DO ACOMPANHAMENTO NEONATAL
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B Alencar, J Freitas, V Soares, M Moraes
GSH, Brasília, DF, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

O sistema MNSs é um dos mais complexos sistemas de grupos sanguíneos, composto pelos antígenos M, N, S, s e U. Os anticorpos contra esse sistema são, em sua maioria, clinicamente insignificantes, pois apresentam reatividade abaixo de 37°C. O anticorpo anti-M é geralmente da classe IgM, naturalmente produzido e raramente associado a reações hemolíticas graves. No entanto, há relatos na literatura de anti-M de classe IgG, que pode atravessar a placenta e, em alguns casos, causar Doença Hemolítica do Recém-Nascido (DHRN). Embora essa associação seja rara, a presença desse anticorpo em gestantes com fenótipo M negativo pode representar risco clínico, tornando essencial a investigação e o acompanhamento laboratorial dessas pacientes e seus recém nascidos. Contudo, ainda não existem protocolos clínicos para o manejo da DHRN por anti- M.

Objetivos

Avaliar a importância clínica do anticorpo anti-M na monitorização neonatal e sua possível relação com quadros de hiperbilirrubinemia.

Material e métodos

Foram analisados dois casos de gestantes com pesquisa de anticorpos irregulares positiva, com identificação de anti-M, submetidas à cesariana. O acompanhamento incluiu a avaliação clínica e laboratorial dos recém-nascidos, considerando parâmetros hematológicos, bilirrubina sérica e necessidade de tratamento para icterícia neonatal.

Resultados

Ambas as pacientes eram primíparas, sem histórico transfusional e apresentaram anti- M sem amplitude térmica. Os recém-nascidos apresentaram teste de Coombs direto (CD) negativo, desenvolveram icterícia de zona 2, sem necessidade de tratamentos. Não foram observadas complicações hemolíticas severas, e os níveis de bilirrubina foram controlados sem necessidade de intervenção.

Discussão e conclusão

Anticorpos anti-M ocorrem frequentemente de forma natural e, quando restritos à classe IgM, não têm relevância clínica significativa. No entanto, anticorpos anti-M de classe IgG podem estar associados a quadros de hemólise neonatal, mesmo que em graus leves. Apesar da negatividade do teste de CD nos recém-nascidos analisados, estudos indicam que anticorpos de baixo título podem não ser detectados, mas ainda assim exercer efeito subclínico, contribuindo para a hiperbilirrubinemia neonatal. Além disso, a literatura sugere que 79% dos casos de DHRN por anticorpos MN apresentam CD negativo, sendo importante o monitoramento desses neonatos nos primeiros dias de vida. A icterícia neonatal observada nos casos analisados reforça a importância desse acompanhamento. Portanto, mesmo na ausência de evidências de hemólise significativa, a monitorização clínica e laboratorial deve ser considerada para uma abordagem terapêutica precoce e eficaz nesses casos.

Conclusão

Embora rara, a aloimunização pelo sistema MNSs deve ser considerada na monitorização neonatal de gestantes PAI+, especialmente quando há sinais de icterícia. A ausência de amplitude térmica do anti-M não exclui possíveis interações com o sangue do recém-nascido, sendo essencial o acompanhamento laboratorial e clínico para prevenir complicações neonatais. Estudos adicionais são necessários para entender melhor a influência do anti-M na fisiopatologia da hiperbilirrubinemia neonatal e sua relevância clínica em diferentes populações, possibilitando a elaboração de protocolos clínicos para o manejo desses pacientes.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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