A doação de sangue é um ato essencial à vida e um direito garantido pelos princípios de universalidade, equidade e integralidade do SUS. Para vencer barreiras geográficas e ampliar o acesso, a Fundação Hemominas implantou, em 2009, os Postos Avançados de Coleta Externa (PACEs), instalados em parceria com os municípios.

Este estudo analisa a evolução dos PACEs de 2009 a 2024, mensurando seu impacto na captação voluntária, na cobertura populacional de doadores em Minas Gerais e na manutenção dos estoques em cenários críticos, à luz das recomendações da OMS.

Trata-se de estudo exploratório comparativo, quantitativo e descritivo. Foram extraídos do sistema HemotePlus os dados de comparecimentos anuais da rede Hemominas e dos 17 PACEs ativos em 2024, bem como séries populacionais do IBGE (2009-2024). Calcularam-se: (a) taxa de doação da rede (% da população estadual); (b) participação dos PACEs na rede e na população; (c) variações temporais, com destaque para o período pandêmico (2020-2021). Os resultados foram confrontados com o mínimo recomendado pela OMS (≥ 1 % da população doadora).

Os dados analisados demonstram um crescimento consistente e significativo no comparecimento aos Postos Avançados de Coleta Externa (PACEs) desde a sua implantação, em 2009. Naquele ano, o primeiro PACE, localizado em Lavras, contabilizou 474 comparecimentos, o que representava apenas 0,1% do total de comparecimentos registrados na rede Hemominas (348.757). Em 2024, com 17 PACEs em funcionamento, esse percentual alcançou cerca de 10% (Fig.1) do total anual da rede, evidenciando o impacto crescente e contínuo da estratégia na ampliação e democratização do acesso à doação de sangue em Minas Gerais. Durante a pandemia de COVID-19, a relevância dos PACEs se intensificou. Em 2020, essas unidades respondiam por 3,7% dos comparecimentos na rede; em 2024, esse índice chegou a aproximadamente 10%, demonstrando a importância do modelo em contextos de crise sanitária e de restrição à mobilidade populacional. A expansão dos PACEs demonstrou eficácia na democratização do acesso à doação de sangue, sustentando níveis seguros de abastecimento mesmo em crises sanitárias. Ao integrar municípios, reduzir distâncias e captar novos voluntários, a estratégia fortalece o SUS, amplia a participação cidadã e contribui para o cumprimento das recomedação da OMS. A manutenção e o aprimoramento dos PACEs, aliados a ações educativas continuadas, são recomendados para elevar a taxa estadual de doadores e consolidar uma rede solidária, equânime e sustentável.